Avaliação da funcionalidade e qualidade de vida em pacientes críticos: série de casos

Autores

  • Jéssica Rosa Vargas Wiethan
  • Janice Cristina Soares Hospital Universitário de Santa Maria – HUSM
  • Juliana Alves Souza

DOI:

https://doi.org/10.5935/0104-7795.20170002

Palavras-chave:

Unidades de Terapia Intensiva, Recuperação de Função Fisiológica, Modalidades de Fisioterapia, Qualidade de Vida

Resumo

A hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), geralmente resulta em declínio funcional e da qualidade de vida. Riscos de sequelas a longo prazo decorrem de fatores relacionados a doença, tratamento realizado e repouso no leito. Objetivo: Avaliar a funcionalidade e qualidade de vida de pacientes que realizaram fisioterapia durante a internação na UTI e correlacionar essas variáveis após 30 dias de alta. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo, do tipo série de casos com 15 pacientes. Avaliou-se a funcionalidade pela Medida de Independência Funcional-MIF (antes da UTI, após alta e após 30 dias) e a qualidade de vida pelo questionário SF-36 (após 30 dias). Resultados: A média de idade da amostra foi de 43,20±16,92 anos, predominaram causas de internação neurológicas, o tempo de ventilação mecânica foi de 14(9-14) dias e de UTI 15,80±7,16 dias, todos pacientes apresentaram complicações durante a internação. A avaliação de funcionalidade mostrou que antes da UTI os indivíduos possuíam nível de independência completa a modificada (MIF=126), após a alta houve um declínio para dependência modificada (MIF=48) e após 30 dias houve melhora da funcionalidade, mas ainda compreendendo dependência modificada (MIF=92). Os domínios de funcionalidade autocuidado, mobilidade e locomoção tiveram maiores alterações após a UTI e uma melhora significativa aos 30 dias, controle de esfíncteres, comunicação e cognição social tiveram menores alterações após a UTI e nos 30 dias seguintes os valores se aproximaram aos prévios. A qualidade de vida foi afetada no decorrer de 30 dias, o que foi observado pelos baixos escores em todos os domínios, quando comparados ao valor total que poderia ser alcançado e os domínios mais comprometidos foram capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor e aspectos sociais. Ao correlacionar os domínios da MIF e SF-36, destacaram-se principalmente as correlações positivas entre os domínios controle de esfíncteres, locomoção e mobilidade (funcionalidade) e capacidade funcional (qualidade de vida). Conclusão: A internação em UTI afetou negativamente a funcionalidade, principalmente na alta imediata. Após 30 dias, houve uma melhora, o que em partes, pode-se atribuir à fisioterapia, já que todos os pacientes receberam este tipo de tratamento durante a estadia na UTI e grande parte deles continuou a realizar apósa alta. Entretanto, alguns déficits ainda permaneceram, comprometendo também, a qualidade de vida.

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Publicado

2017-03-31

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Wiethan JRV, Soares JC, Souza JA. Avaliação da funcionalidade e qualidade de vida em pacientes críticos: série de casos. Acta Fisiátr. [Internet]. 31º de março de 2017 [citado 26º de abril de 2024];24(1):7-12. Disponível em: https://revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/144576