Sobre Mastigias scintillae sp. nov. (Scyphomedusae, Rhizostomeae) das costas do Brasil

Autores

  • M. G. B. Soares Moreira

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0373-55241961000100001

Resumo

Neste trabalho é descrita uma nova espécie de Rhizostomeae, encontrada pela primeira vez em maio de 1955, ao longo da costa do Estado de São Paulo. A presente espécie pertence ao gênero Mastigias. Mastigias scintillae foi o nome dado a esta nova espécie. Mastigias scintillae tem umbrela convexa, com aproximadamente 60 cm de diâmetro. Superfície exumbrelar com verrugas carregadas de cnidocistos, espalhadas uniformemente e possuindo uma rede irregular de polígonos côr de ferrugem com uma pequena mancha branca no centro. Oito lobos marginais e dois ropalares. Oito ropálios. Disco oral quadrático com um filamento central. Óstios subgenitais duas vezes tão largos quanto os pilares entre eles existentes. Pórtico subgenital único. Musculatura circular dividida em dois campos, o interno interrompido pelos oito canais ropalares. Os braços orais são tão longos quanto o raio da umbrela. A porção proximal com uma asa axial, mais curta que a sua porção distal, com três asas. Vesículas em forma de maça e filamentos entre as bocas na margem da asa axial. Filamento terminal nos braços orais. Filamentos, vesículas em forma de maça e filamentos terminais com orifício terminal. Estômago central cruciforme. Oito canais ropalares. Canal circular. Quinze a dezoito canais interropalares. Cirros gástricos presentes no contorno interno do estômago. Espécimes com 12 a 15 mm têm 5 a 7 lobos marginais e musculatura circular contínua. O filamento central do disco oral é tão longo quanto o diâmetro da umbrela. Há 4 bocas centrais, dispostas em cruz no disco oral. A área de dispersão até agora conhecida com exatidão é a representada pelo litoral do Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro, desde Paranaguá até Cabo Frio. Uma discussão sobre os sistemas de Mayer, Stiasny e Uchida vem em seguida. Uchida inclui os gêneros Mastigias e Versura numa única família, o que parece mais aconselhável. A definição de Stiasny da família Mastigiadidae e do gênero Mastigias é aceita. A nova espécie é então comparada com as conhecidas e os caracteres diferentes apontados. A distribuição das espécies do gênero é brevemente sumarizada. Sugere-se uma revisão do gênero devido à insuficiência da descrição das espécies e por persistir a dúvida de se tratar de poucas espécies muito variáveis ou de várias espécies estreitamente relacionadas. A análise do conteúdo estomacal mostra que esta espécie se alimenta de plâncton e o grande número de espermatozóides presentes sugere que a ruptura das gônadas se dá na cavidade gastrovascular. Jovens e adultos são encontrados na mesma época. Gônadas de 286 indivíduos foram estudadas, sendo todos machos. Zooxanthellae simbiônticas foram encontradas na mesogléa, epiderme e gastroderme. Sob a umbrela foram encontrados pequenos peixes: Hemicaranx amblyrhynchus (Valenciennes) e Chloroscombrus chrysurus (Linneus). Também pequenos Crustácea, como Periclimenes (Periclimenes) longicaudatus, Libinia ferreirae e um Isopoda da família Cymothoidae. Esta espécie tem sido sempre observada de janeiro a julho, sendo que os seus representantes aparecem primeiro na região de Paranaguá e Cananéia e, somente nos meses de junho e julho, em Ubatuba e Angra dos Reis.

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Publicado

1961-01-01

Edição

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naodefinido