Foi estudada, quimicamente, sob o ponto-de-vista oceanográfico, a distribuição regional do cálcio em águas atlânticas do sul do Brasil, por meio de análises do conteúdo de cálcio de 78 amostras de água coletadas ao largo da costa do Estado de São Paulo. Empregou-se, nessas análises, a titulação complexométrica com reagente EDTA, obtendo-se resultados satisfatórios. O conteúdo de cálcio nas águas da área em questão está em relação quase direta com a clorinidade, sendo de 21,56 X 10-3 o cálculo de Ca/Cl. Foi concedida uma margem para o estrôncio incluído no cálculo do cálcio. O cálculo de Ca/Cl mencionado acima é quase o mesmo do apresentado por outros pesquisadores e o fator Ca/Cl das águas do Atlântico parece mais baixo do que o das águas do Pacífico. É interessante notar que a distribuição do cálcio na água demonstrou uma estreita correlação com as condições oceanográficas da área em questão. Isto significa que a água de superfície da corrente do Brasil apresenta um valor de Ca/Cl relativamente baixo, 21,4 X 10-3, comparando-se com o das águas intermediárias, 22,0 X 10-3 ou mais. Uma correlação tão estreita entre eles indica que, certamente, o fator Ca/Cl pode ser uma solução apreciável para distinguir as diferentes massas de água de uma determinada área. Na estação oceânica (St. 69) observou-se uma zona caracteristicamente "de mínima" em conteúdo de cálcio, na camada logo abaixo da superfície, aproximadamente a 50 m de profundidade. Essa zona "de mínima" poderia ser atribuída a uma propagação intensa de populações de zooplâncton, cuja respiração ativa produziu um consumo considerável de oxigênio dissolvido, ou seja, 70% em grau de saturação nas águas dessa zona. Esse aspecto da distribuição do cálcio constituirá fator digno de nota para se demonstrar a íntima correlação existente entre os organismos consumidores de cálcio e as suas condições bioquímicas e ecológicas.
