Da guerra às drogas à guerra ao vírus: necropolítica e resistência na Cracolândia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29isuplp319-328Palavras-chave:
Cracolândia, Necropolítica, Covid-19, ResistênciaResumo
O artigo tem por objetivo analisar as formas de resistência presentes na Cracolândia paulistana diante da pandemia da Covid-19 e de suas consequências. Para tanto, nos valemos de documentos públicos e artigos acadêmicos sobre os temas abordados no sentido de descrever as ações de resistência, por parte de militantes e outros frequentadores daquele território. A análise dessas ações, ante a repressão policial e o ataque midiático à Cracolândia, foi empreendida tendo por referencial teórico as ideias de Achille Mbembe. Vimos como, apesar de marcados pela necropolítica, os usuários de crack, com militantes de diversas entidades e coletivos, negam diariamente, por vezes de modo festivo, o necropoder. Resistem por suas vidas com táticas de contenção da letalidade materializadas em oficinas de autocuidado, distribuição de alimentos e iniciativas de ajuda mútua.
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