"Corpos em contato"

Subalternização, resistência e o Serviço de Proteção ao Índio na 2° inspetoria regional do Pará

Autores

  • Ana Vitória Santos da Costa Museu Paraense Emílio Goeldi
  • Vanderlúcia da Silva Ponte Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29i1p200-224

Palavras-chave:

Corpo, indigenismo, saúde, doença, Serviço de Proteção ao Índio

Resumo

Este artigo analisa a relação estabelecida entre o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e as populações indígenas, na 2° Inspetoria Regional do Pará (IR2), a partir das medidas médicas e sanitárias, considerando em quais proporções esses sujeitos construíram agências e resistências na produção dos corpos e nos processos de saúde e doença. Por meio de relatórios de inspeção; cartas; ofícios; laudos médicos; exames de corpos de delito, e as mais diversas narrativas disponíveis no acervo digital do SPI e em vivências em campo pôde-se entender que, no século XX, as políticas de saúde que se inauguram na República Brasileira incidiram em um longo processo de formação do Estado e da identidade nacional. Dessa forma, por meio de complexa rede de ações militares, científicas e higienistas, os corpos indígenas; “vigiados”, “silenciados”, “submetidos”, transitavam entre trocas, conflitos, negociações, ressignificações e, principalmente, como elo das agências dos sujeitos indígenas nas articulações entre seu sistema sociocósmico e o sistema médico sanitário ocidental.

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Publicado

2020-06-30

Edição

Seção

Especial

Como Citar

"Corpos em contato": Subalternização, resistência e o Serviço de Proteção ao Índio na 2° inspetoria regional do Pará. (2020). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 29(1), 200-224. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29i1p200-224