Da guerra às drogas à guerra ao vírus: necropolítica e resistência na Cracolândia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29isuplp319-328

Palavras-chave:

Cracolândia, Necropolítica, Covid-19, Resistência

Resumo

O artigo tem por objetivo analisar as formas de resistência presentes na Cracolândia paulistana diante da pandemia da Covid-19 e de suas consequências. Para tanto, nos valemos de documentos públicos e artigos acadêmicos sobre os temas abordados no sentido de descrever as ações de resistência, por parte de militantes e outros frequentadores daquele território. A análise dessas ações, ante a repressão policial e o ataque midiático à Cracolândia, foi empreendida tendo por referencial teórico as ideias de Achille Mbembe. Vimos como, apesar de marcados pela necropolítica, os usuários de crack, com militantes de diversas entidades e coletivos, negam diariamente, por vezes de modo festivo, o necropoder. Resistem por suas vidas com táticas de contenção da letalidade materializadas em oficinas de autocuidado, distribuição de alimentos e iniciativas de ajuda mútua.

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Biografia do Autor

  • Ygor Diego Delgado Alves, Universidade Federal de São Paulo

    Pós-doutorando em Saúde Coletiva na Universidade Federal de São Paulo, com doutorado em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia, e mestrado e graduação em Ciências Sociais pela PUC São Paulo.

  • Pedro Paulo Gomes Pereira, Universidade Federal de São Paulo

    Professor Livre Docente da Universidade Federal de São Paulo. Possui título de doutor e mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília.

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Publicado

2020-10-02

Edição

Seção

Artigos e Ensaios

Como Citar

Da guerra às drogas à guerra ao vírus: necropolítica e resistência na Cracolândia. (2020). Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 29(supl), 319-328. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v29isuplp319-328