Possibilidades e (in)viabilidades do espanhol na educação básica: as leis da metade

Autores

  • Fernanda Peçanha Carvalho Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-9651.v0i19p676-703

Palavras-chave:

Língua espanhola, Políticas linguísticas, Acontecimento discursivo, Lei 13.415/2017, Análise do discurso

Resumo

Problematizamos neste artigo dois conjuntos de discursividades: os sistemas de enunciabilidade tanto da possibilidade quanto da (in)viabilidade do ensino-aprendizado de espanhol. Nosso corpus está constituído pela textualidade da Lei nº 11.161/2005,  Resolução nº 2.742/2015, Lei nº 13.415/2017 e por dizeres de professores de espanhol. Sob o paradigma discursivo-psicanalítico, a partir do viés interpretativista, acionamos a vertente francesa da Análise do Discurso com atravessamento da psicanálise e em diálogo com as Ciências Sociais (Pêcheux, 2008; Foucault, 2003, 2013). Desse modo, depreendemos os efeitos de sentido das discursividades das leis e as representações dos dizeres dos sujeitos-professores acerca desses dispositivos. Concluímos que a enunciabilidade da possibilidade ressignificou os conflitos decorrentes do processo de textualização da Lei do Espanhol. E que os dizeres da (in)viabilidade agravam assimetrias, reproduzem e legitimam desigualdades sociais, reduzindo as perspectivas de uma educação linguística plural nas escolas brasileiras.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Fernanda Peçanha Carvalho, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutoranda e mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Licenciada em Letras, com habilitação em língua portuguesa e em língua espanhola. Formação em Magistério, nível médio técnico. Atualmente é professora de língua espanhola do Colégio Técnico da UFMG. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Línguas Estrangeiras Modernas, atuando, principalmente, nos seguintes temas: internacionalização de experiências escolares, análise do discurso franco-brasileira em interface com a psicanálise, ensino de línguas estrangeiras e letramentos.

Referências

Amaral, Eduardo Roque Tadeu; Almeida, Elizabeth Guzzo de. “Qual é o lugar do espanhol nas escolas de ensino médio de Minas Gerais?” In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PROFESSORES DE LÍNGUAS OFICIAIS DO MERCOSUL, 1., 2010, Foz do Iguaçu. Anais do I CIPLOM. Foz do Iguaçu, 2010. 313-323.

Authier-Revuz, Jaqueline. “Heterogeneidade(s) enunciativa(s)”. In: Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 19, jul./dez., 25-42, 1990. Disponível em: ‹http://revistas.iel.unicamp.br/index.php/cel/article/view/3012/4095›. Acesso em: 02 fev. 2014.

Barros, Cristiano Silva de; Costa, Elzimar Goettenauer de Marins. Espanhol: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Básica, 2010.

Bertoldo, Ernesto Sérgio. “Ensinar e aprender língua estrangeira: desafios pela problemática da subjetividade”. In: CAVALLARI, J. S.; UYENO, E. Y. (Orgs.). Bilinguismos: subjetivação e identificações nas/pelas línguas maternas e estrangeiras. Campinas: Pontes Editores, 2011. 337-343.

Bourdieu, Pierre. “Les trois états du capital culturel ”. In: Actes de la recherche en sciences sociales, Paris, n. 30, nov. 3-6, 1979. Disponível em: <https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1979_num_30_1_2654>. Acesso em 05 jul. 07 2018.

Brasil (a). Lei Nº 11.161, de 05 de agosto de 2005. Dispõe sobre o ensino da língua espanhola. Palácio do Planalto, Brasília, DF, 05 ago. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11161.htm>. Acesso em: 28 mar. 2019.

Brasil (b). Lei 13.415/2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017/Lei/L13415.htm#art22>. Acesso em 27 mar. 2019.

Brasil (c). LDB 9697. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2019.

Canclini, Néstor García. A globalização imaginada. Tradução de Sérgio Molina. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2003.

Carvalho, Fernanda Peçanha. Representações dos professores de espanhol a respeito da lei federal nº 11.161 e do ensino da língua após sua promulgação. 2015. 185 f. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada) - Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.

Dahlet, Patrick. “(Re)produzir o inquestionável: nominalização, generalização e naturalização no discurso neoliberal”. In: EID&A – Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 8, 206-221, jun. 2015.

Eckert-Hoff, Beatriz Maria. O dizer da prática na formação do professor. Chapecó: Argos, 2002.

Foucault, Michel. A arqueologia do saber. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2013.

Foucault, Michel. (1973). A verdade e as formas jurídicas. Tradução de Roberto Cabral de Melo Machado e Eduardo Jardim Moraes. 3ª ed. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2003. 158 p. Título original: La vérité et les formes juridiques.

Kumaravadivelu, Bala. “A Linguística Aplicada na era da globalização”. In: Moita Lopes, L. P. (Org.). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.

MINAS GERAIS (a). RESOLUÇÃO SEE Nº 2.742, DE 22 DE JANEIRO DE 2015. Disponível em: <http://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/2742-15-r.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2019.

Minas Gerais (b). Resolução Nº 2.742/2015. In: Diário do Executivo, 23/01/2015. p. 9 Disponível em: http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/handle/123456789/137325. Acesso em: 29 mar. 2019.

Orlandi, Eni de Lourdes Puccinelli. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 6. ed. Campinas: Pontes, 2007.

Pêcheux, Michel. A análise do discurso: três épocas. In: GADET, F.; HAK, T. (Orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Ed. Unicamp, 2010. 307-315.

Pêcheux, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. Tradução de Eni P. Orlandi. 5. ed. Campinas: Pontes, 2008.

Reis, Isabel Martins. O lugar da língua espanhola em escolas de ensino técnico: um olhar crítico sobre a implantação da disciplina em Minas Gerais. Dissertação. 149f. (Mestrado em Estudos Linguísticos) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.

Rodrigues, Fernanda Castelano. Língua viva, letra morta: obrigatoriedade e ensino de espanhol no arquivo jurídico e legislativo brasileiro. São Paulo: Humanitas, 2012.

Santos, Boaventura de Souza (Org). A globalização e as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 2011.

Downloads

Publicado

2020-06-24

Como Citar

CARVALHO, Fernanda Peçanha. Possibilidades e (in)viabilidades do espanhol na educação básica: as leis da metade. Caracol, São Paulo, Brasil, n. 19, p. 676–703, 2020. DOI: 10.11606/issn.2317-9651.v0i19p676-703. Disponível em: https://revistas.usp.br/caracol/article/view/158173.. Acesso em: 24 abr. 2024.