Desafios da proteção do patrimônio cultural industrial de Juiz de Fora

Autores

  • Julio Cesar Ribeiro Sampaio Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v0i14p70-86

Palavras-chave:

Preservação arquitetônica industrial. Patrimônio industrial, Juiz de Fora, MG, Brasil. Fábrica dos Ingleses, MG.

Resumo

A cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, possui trajetória histórica fortemente correlacionada com a industrialização. O auge desta identificação ocorreu entre as décadas de 1880 e de 1930 quando esta cidade foi considerada o principal pólo
industrial da região e um dos mais significativos do país. Em um dado momento do final do século 19, Juiz de Fora foi denominada "Manchester Mineira" em função da proliferação de fábricas com aspectos semelhantes aos padrões arquitetônicos britânicos. A partir da década de 1930 a industrialização entrou em crise em Juiz de Fora e vários estabelecimentos fabris entraram em processo de obsolescência e encerrarem suas atividades. Poucos exemplares tradicionais conseguiram sobreviver aos descasos, demolições e reformas que comprometeram significativamente a autenticidade e integridade dos aspectos arquitetônicos
originais. Deste grupo restam apenas onze prédios que se encontram parcialmente protegidos pelas autoridades locais. Somente um deles possui proteção integral. Dentro do universo do patrimônio industrial de Juiz de Fora se destaca a Fábrica dos Ingleses que se constitui num exemplar paradigmático da citada trajetória de apogeu, crise, desprezo e critérios de proteção polêmicos. Fundada em 1883 e considerada a primeira fábrica de grande porte da cidade, o complexo industrial passou por algumas modificações e expansões até terminar as atividades em meados da década de 1980. Após anos de abandono foi parcialmente demolido no final da década de 1990. As partes remanescentes do conjunto original, um galpão, unidade residencial e uma chaminé do início do século 20, foram tombadas em 2003 e 2004. O terreno resultante da demolição foi destinado para a construção de um
complexo de uso misto cuja ocupação ainda não se completou.
A partir da análise da controvertida trajetória da Fábrica dos Ingleses, pretende-se neste trabalho propor a reavaliação da política de proteção e de conservação de Juiz de Fora, especialmente em relação ao conjunto de estabelecimentos industriais tradicionais da cidade cuja importância histórica, artística e afetiva demandaria um outro tipo de atitude. Esta reavaliação propõe como referência a literatura especializada de conservação com ênfase no patrimônio industrial, sobretudo das experiências britânicas em função da importância deste país no cenário internacional deste tema e pelas semelhanças comentadas acima com as circunstâncias de Juiz de Fora.

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Biografia do Autor

  • Julio Cesar Ribeiro Sampaio, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
    Arquiteto e Urbanista, Mestre e Doutor em Conservação e Arquitetura, Professor Adjunto IV do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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Publicado

2012-10-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Sampaio, J. C. R. (2012). Desafios da proteção do patrimônio cultural industrial de Juiz de Fora. Revista CPC, 14, 70-86. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v0i14p70-86