A Trajetória de Leo Sammer em 2666, de Roberto Bolaño

Notas sobre Ética, Autonomia e Responsabilidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i21p1-15

Palavras-chave:

Ética; Autonomia; Totalitarismo; Roberto Bolaño.

Resumo

Em seu romance 2666, Roberto Bolaño apresenta-nos a personagem de Leo Sammer, funcionário nazista encarregado do transporte de trabalhadores e mantimentos para o Reich. Um dia, Sammer recebe por engano quinhentos judeus oriundos da Grécia e destinados aos campos de extermínio. Sem poder devolver os judeus para seu lugar de origem, Sammer recebe a ordem de exterminá-los. A partir deste fato, desdobra-se toda uma dimensão ética da personagem, que será o tema deste artigo. Primeiramente, Sammer é comparado à figura histórica de Adolf Eichmann, um proeminente nazista, a fim de avaliar a sua responsabilidade e sua culpa no contexto do regime totalitário. Depois, a orientação ética de Sammer é analisada com base nas ideias de Ricoeur, Badiou e Lévinas, considerando questões como o Mesmo, o Outro, a autonomia do sujeito diante do Mal. Por fim, o artigo conclui que o discurso ambivalente da defesa de Sammer na verdade é a mera repetição do padrão totalitário do qual ele insistentemente tenta se descolar.

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Biografia do Autor

  • Antonio Barros de Brito Jr, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Professor Adjunto do Departamento de Linguística, Filologia e Teoria Literária

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Publicado

2018-11-20

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Brito Jr, A. B. de. (2018). A Trajetória de Leo Sammer em 2666, de Roberto Bolaño: Notas sobre Ética, Autonomia e Responsabilidade. Revista Criação & Crítica, 21, 1-15. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i21p1-15