Em narrativas amadianas, Exu: a boca que tudo come
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i18p20-37Palavras-chave:
Exu, Jorge Amado, Ebó, Orixás, AxéResumo
O presente artigo reconhece o ebó/sacrifício como sistema de restituição do poder das energias míticas do Culto aos orixás e, quem come primeiro é Exu, “a boca que tudo come”. Sabe-se que toda a dinâmica do sistema Nagô está centrada em torno do ebó, a oferenda ritual dedicada aos orixás. Nas casas de Culto, o sacrifício é sempre material: alimentos, bebidas, animais, minerais, plantas, por meio do que, evoca-se uma relação interpessoal e litúrgica, dinâmica e viva que movimenta o corpo e os níveis da personalidade dos adeptos. O sangue dos animais, a oferenda dos frutos, das ervas e dos minerais provoca a manutenção e o fortalecimento do axé. Trata-se de um sistema mítico de restituição que coloca as energias em ação, provocando o movimento e a Vida. Faltar com o ebó é incorrer em grave penalidade que interrompe o movimento (do axé), deprecia os laços entre deuses e humanos, permitindo o declínio da energia vital. Quem cobra a falta é Exu, parceiro do escritor baiano Jorge Amado. O “imortal” representou seu compadre das encruzilhadas em diversos de seus textos, nos quais, brinca, faz estripulias e se alimenta. A Exu, como se sabe, saúda-se: Laroyê!
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