Em narrativas amadianas, Exu: a boca que tudo come

Autores

  • Alexandre de Oliveira Fernandes Instituto Federal de Educação Tecnológica da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i18p20-37

Palavras-chave:

Exu, Jorge Amado, Ebó, Orixás, Axé

Resumo

O presente artigo reconhece o ebó/sacrifício como sistema de restituição do poder das energias míticas do Culto aos orixás e, quem come primeiro é Exu, “a boca que tudo come”. Sabe-se que toda a dinâmica do sistema Nagô está centrada em torno do ebó, a oferenda ritual dedicada aos orixás. Nas casas de Culto, o sacrifício é sempre material: alimentos, bebidas, animais, minerais, plantas, por meio do que, evoca-se uma relação interpessoal e litúrgica, dinâmica e viva que movimenta o corpo e os níveis da personalidade dos adeptos. O sangue dos animais, a oferenda dos frutos, das ervas e dos minerais provoca a manutenção e o fortalecimento do axé. Trata-se de um sistema mítico de restituição que coloca as energias em ação, provocando o movimento e a Vida. Faltar com o ebó é incorrer em grave penalidade que interrompe o movimento (do axé), deprecia os laços entre deuses e humanos, permitindo o declínio da energia vital. Quem cobra a falta é Exu, parceiro do escritor baiano Jorge Amado. O “imortal” representou seu compadre das encruzilhadas em diversos de seus textos, nos quais, brinca, faz estripulias e se alimenta. A Exu, como se sabe, saúda-se: Laroyê! 

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Biografia do Autor

  • Alexandre de Oliveira Fernandes, Instituto Federal de Educação Tecnológica da Bahia
    Doutor em Ciência da Literatura (UFRJ) Possui graduação em Letras pela Universidade do Estado da Bahia, pós-graduação em Letras: Língua Portuguesa e Literatura pelas Faculdades Integradas Jacarepaguá/RJ. Também pelas Faculdades Jacarepaguá, cursou pós strictu sensu em Cultura Afro-brasileira. Especialista em Antropologia com Ênfase em Cultura Afro-brasileira pela Universidade do Sudoeste da Bahia - UESB. Professor de Língua Portuguesa e Literatura no Instituto Federal de Educação Tecnológica da Bahia - IFBA/Porto Seguro. Mestre em Letras: Linguagens e Representações pela Universidade Estadual de Santa Cruz / UESC. Desenvolve pesquisas nas áreas de culto aos orixás, mitologia, semiótica, antropologia das religiões, linguística, literatura, leitura e escrita, currículo, educação, pós-estruturalismo, interculturalidade crítica, Michael Foucault e Jacques Derrida, Caterine Walsh e Judith Butler, Metodologia da Pesquisa, Pesquisa Social, Quali-quantitativa.

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Referências videográficas

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Publicado

2017-06-30

Como Citar

Fernandes, A. de O. (2017). Em narrativas amadianas, Exu: a boca que tudo come. Revista Criação & Crítica, 18, 20-37. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i18p20-37