As enciclopédias de Michel Foucault

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2019.149241

Palavras-chave:

Interpretação, Enciclopédia, História e Filosofia

Resumo

Enciclopédia não está entre os termos mais conhecidos de Michel Foucault. Todavia, ao olhar com atenção para algumas ocorrências desse termo ao longo de sua carreira, com uma especial ênfase aos anos de 1960 e 1970, algo se revela ao leitor atento. O intuito desse texto é discernir esse termo no vocabulário foucaultiano, mostrando sua dupla face. Se por um lado, Foucault se refere tecnicamente à Enciclopédia editada por Denis Diderot e Jean D’Alembert; por outro, ele recorre ao termo sugerindo outra prática que não simplesmente elabora um memorial de nossos saberes, mas ultrapassa essa fronteira na direção do que ele chamará de heterotópico. No primeiro momento, o caráter crítico da abordagem levará a considerações sobre os limites do projeto enciclopédico, e as consequências práticas das políticas de memória e esquecimento que ele implica. Num segundo momento, a partir de fontes importantes como Nietzsche, Freud e Marx, compreenderemos as possibilidades de uma nova dobra na história das técnicas de interpretar, em busca de uma ressignificação foucaultiana das enciclopédias.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jean Dyêgo Gomes Soares, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [PUC–Rio]

    Doutor em Filosofia
    Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro [PUC–Rio] | CNPq

Referências

Bolivar, G. (2017). “Uma arqueologia das ciências humanas: As palavras e as coisas”, In: Sapere Aude, vol. 7, n. 12, Belo Horizonte, puc Minas.

Borges, J. L. (1974). Obras completas. Buenos Aires: Emecé.

Castro, E. (2009). Vocabulário de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica.

D’Alembert, J. le R. & Diderot, D. (2015). Enciclopédia, Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. 5 vol. Tradução de P. P. Pimenta e M. das G. de Souza. São Paulo: Edunesp.

Deleuze, G. (1988). Foucault. Tradução de C. Martins. São Paulo: Brasiliense.

Eribon, D. (1990). Michel Foucault. Tradução de H. Feist. São Paulo: Companhia das Letras.

Foucault, M. (1977). O Nascimento da Clínica [nc]. Tradução de R. Machado. Rio de Janeiro: Forense universitária.

Foucault, M. (1978). História da loucura na Idade Clássica [hl]. Tradução de José Netto. São Paulo: Perspectiva.

Foucault, M. (1994). Dits et écrits [de] (i–iv tomes). Paris: Gallimard.

Foucault, M. (2004). Vigiar e punir: nascimento da prisão [vp]. Tradução de R. Ramalhete. Petrópolis: Vozes.

Foucault, M. (2006). A arqueologia do saber [as]. Tradução de L. Neves. 7ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitário.

Foucault, M. (2007). As palavras e as coisas. [pc]. Tradução de S. Muchail. 9ª ed. São Paulo: Martins Fontes.

Foucault, M. (2008). Segurança, território e população [stp]. Tradução de E. Brandão. São Paulo: Martins Fontes.

Foucault, M. (2009). A ordem do discurso [od]. Tradução de L. Sampaio. São Paulo: Loyola.

Foucault, M. (2010). O governo de si e dos outros [gso]. Tradução de E. Brandão. São Paulo: Martins Fontes.

Foucault, M. (2011). Leçons sur la volonté de savoir [lvs]. Paris: Gallimard.

Foucault, M. (2014). Aulas sobre a vontade de saber [avs]. Tradução de R. Abilio. São Paulo: Martins Fontes.

Foucault, M. (2014). Do governo dos vivos [gv]. Tradução de E. Brandão. São Paulo: Martins Fontes.

Foucault, M. (2016). Subjetividade e verdade [sv]. Tradução de R. Abilio. São Paulo: Martins Fontes.

Gutting, G. (1989). Michel Foucault’s Archaeology of Scientific Reason.Cambridge: Cambridge University Press.

Han, B. (1998). L’ontologie Manquée de Michel Foucault. Grenoble: Jerome Millon.

Huxley, A. (1993). Admirável Mundo Novo. Tradução de L. Vallandro e V. Serrano. São Paulo: Globo.

Huyssen, A. (2014). “Resistência à memória: usos e abusos do esquecimento público”, In: Culturas do passado-presente. Rio De Janeiro: Contraponto.

Ingrao, C. (2013). Believe and Destroy: Intellectuals in the ss War Machine. Tradução de Andrew Brown. Cambridge: Polity.

Marx, K. (2012). “Teses sobre Feuerbach”, In: As armas da crítica: antologia de pensamento de esquerda. Tradução de R. Enderle, N. Schneider e L. C. Martorano. São Paulo: Boitempo.

Marx, K. & Engels, F. (2010). Manifesto Comunista (1848). Tradução de A. Pina e I. Jinkings. São Paulo: Boitempo.

Merquior, J. G. (1985). Michel Foucault ou o niilismo de cátedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

More, T. (2017). Utopia. Tradução de M. M. Gouvêa Júnior. Belo Horizonte: Autêntica.

Nitezsche, F. (2002). A gaia ciência. Tradução de P. C. de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

Nitezsche, F. (2003). Segunda Consideração Intempestiva: da utilidade e desvantagem da história para a vida. Tradução de M. Casanova. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

Norberto, M. (2012). “Sartre e Foucault: reminiscências do presente”, In: O que nos faz pensar, n. 31. Rio de Janeiro: puc Rio.

Soares, J. D. Itinerários sobre linguagem via Foucault. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: puc Rio, 2014.

Souza, M. das G. (2015). “Círculo dos conhecimentos”, In: Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências das artes e dos ofícios. 5 vol. São Paulo: Unesp.

Visker, R. (1989). Michel Foucault: Genealogy as Critique. Londres: Verso.

Wisnik, J. M. (1989). O som e o sentido. São Paulo: Companhia das letras.

Wittgenstein, L. (2009). Investigações Filosóficas. Tradução de M. G. Montagnoli. Petrópolis: Vozes.

Downloads

Publicado

2019-12-29

Edição

Seção

Artigos