A cabeça voraz

Autores

  • Betty Mindlin Instituto de Antropologia e Meio Ambiente

Resumo

o artigo focaliza um mito indígena sobre a cabeça voadora e voraz, registrado pela autora em vários grupos indígenas da Amazônia, como os Tupari, os Macurap, os Jabuti, os Aruá, os Sateré-Mawé. Cada versão do mito tem um enredo diferente, mas o tema intrigante é sempre o mesmo: a mutilação do corpo, a cabeça que se transforma ou cola-se num outro ser. Procura-se mergulhar no significado desse mito, ao qual Claude Lévi-Strauss dedicou boa parte de dois livros magistrais, A origem das maneiras da mesa e A oleira ciumenta, e que foi usado por Mário de Andrade no livro clássico sobre o herói brasileiro, Macunaína, uma das poucas obras de fição brasileira a se inspirar em temas e personagens míticos indígenas. O registro de campo desse mito é uma pequena ponta de um amplo trabalho de documentação da tradição e dos mitos indígenas brasileiros, que a autora vem realizando há alguns anos. A intenção, nesse texto, é compreender a riqueza do imaginário indígena brasileiro, insistir na necessidade de documentar culturas que são nossas contemporâneas e ainda bastante desconhecidas. A fição e a arte brasileiras poderiam ampliar muito o seu universo ao explorar e tentar compreender as raízes brasileiras que nos são dadas por mais de 200 povos indígenas do país. Também para os índios, escrever, contar, divulgar e usar nas próprias escolas os seus mitos é importante para reafirmar a identidade étnica e valorizar sua participação na sociedade brasileira.

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Publicado

1996-08-01

Edição

Seção

Criação