O colonial tardio e a economia do Rio de Janeiro na segunda metade dos setecentos: 1750-90

Autores

  • Fábio Pesavento Escola Superior de Propaganda e Marketing - Sul Autor

Palavras-chave:

Rio de Janeiro, colonial tardio, escrituras, mercado interno, crise econômica

Resumo

Um ponto importante na historiografia brasileira é o debate sobre o colonial tardio. A ideia sugerida por Dauril Alden é a de que a Colônia iria presenciar uma profunda crise econômica após a queda da extração aurífera na região mineira. Neste cenário, a economia colonial presenciou um retorno às atividades rurais (agricultura). Com dados levantados a partir de 1790, João Fragoso contrapõe a ideia de colonial tardio, para a economia do Rio de Janeiro, ao sugerir a formação de uma vasta rede de abastecimento, apontando não uma crise, mas a formação de um amplo mercado interno especialmente na região sudeste. Mas qual seriam os resultados para o período 1750-90, justamente quando a queda da extração do ouro se intensifica? A fim de colher novos subsídios para o debate trabalharam-se com 6.500 escrituras públicas depositadas no Arquivo Nacional, além de outras fontes primárias que envolviam a economia do termo da cidade do Rio de Janeiro entre 1750-90. Os resultados apontam para um revigoramento do setor rural e uma estagnação da atividade econômica do Rio de Janeiro no mesmo período, e não uma crise.

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Publicado

30-09-2012

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Pesavento, F. (2012). O colonial tardio e a economia do Rio de Janeiro na segunda metade dos setecentos: 1750-90. Estudos Econômicos (São Paulo), 42(3), 581-614. https://revistas.usp.br/ee/article/view/43581