Lavoura de homem pobre? Escravidão nas regiões algodoeiras do Brasil (1800-1850)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/0101-41614843tzp

Palavras-chave:

Algodão, Escravidão, Brasil

Resumo

Grande parte da literatura sobre a produção de algodão no Brasil, durante o século XIX, considera
o algodão como um produto de “homem pobre” - cultivado por pequenos agricultores que
não empregavam uma grande força de trabalho escrava. No entanto, informações fornecidas
em mapas populacionais do período entre 1800 e 1840 mostram que os escravos representavam
metade da população do Maranhão, o mais importante exportador de algodão do Brasil
até a década de 1840. Isso representou uma participação maior do que em qualquer região
do nordeste do Brasil, e foi comparável às participações da população escrava registradas na
região algodoeira no sul dos Estados Unidos. Este artigo mostra que, durante os anos do
boom do algodão (1790-1820), não apenas o algodão exportado do nordeste brasileiro para
a Grã-Bretanha e a Europa continental foi cultivado em grandes plantações, mas também
os preços de escravos foram maiores no Maranhão do que em outras províncias brasileiras.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Alden, Dauril. 1963. “The Population of Brazil in the Late Eighteenth Century: A Preliminary Study.” The Hispanic American Historical Review 43 (2): 173–205. doi:10.2307/2510491.

Alencastro, Luiz Felipe. 2000. O Trato dos Viventes. São Paulo, Brazil: Companhia das Letras.

Anti-Slavery Bugle. 1848. “The Slave Trade,” June 9, Vol.3 No.43 edition. Library of Congress, Chronicling America.

Arruda, José Jobson de Andrade. 1980. O Brasil no comércio colonial. Editora Atica.

Barbosa, Luiz Cordelio. 1989. “Cotton in 19th Century Brazil: Dependency and Development.” University of Washington.

Battalio, Raymond C., and John Kagel. 1970. “The Structure of Antebellum Southern Agriculture: South Carolina, a Case Study.” Agricultural History 44 (1): 25–37.

Beckert, Sven. 2014. Empire of Cotton: A Global History. First Edition edition. New York: Knopf.

Bergad, Laird. 2007. The Comparative Histories of Slavery in Brazil, Cuba, and the United States. Cambridge University Press.

Bergad, Laird W. 1999. Slavery and the Demographic and Economic History of Minas Gerais, Brazil, 1720-1888. New York: Cambridge University Press.

Bergad, Laird W., Fe Iglesias García, and María del Carmen Barcia. 1995. The Cuban Slave Market, 1790-1880. Cambridge England ; New York: Cambridge University Press.

Bethell, Leslie. 1970. The Abolition of the Brazilian Slave Trade: Britain, Brazil and the Slave Trade Question. Cambridge: Cambridge University Press.

Camara, Manuel Arruda da. 1799. Memoria Sobre a Cultura Dos Algodoeiros E Sobre O Methodo de O Escolher, E Ensacar. Lisboa: Officina da Casa Litteraria.

Canabrava, Alice P. 2011. O Desenvolvimento Da Cultura Do Algodão Na Província de São Paulo, 1861-1875. São Paulo: EDUSP.

Carreira, António. 1988. A companhia geral do Grao-Para e Maranhao: o comercio monopolista, Portugal-Africa-Brasil na segunda metade do seculo XVIII. Companhia editora nacional.

Conrad, Robert Edgar. 1972. The Destruction of Brazilian Slavery, 1850-1888. University of California Press. “Consuls Alexander Cunningham, William Pennell, Robert Hesketh, John Lempriere, Cox, and John Parkinson, Etc. (Brazil), FO 63/240.” 1821. The National Archives, Kew. Da Silva Mota, Antonia. 2007. “A Dinâmica colonial portuguesa e as redes de poder local na Capitania do Maranhão.” Recife: Universidade Federal de Pernambuco. http://repositorio.ufpe.br:8080/xmlui/handle/123456789/7245.

Davis, David Brion. 2014. The Problem of Slavery in the Age of Emancipation. First Edition edition. New York: Knopf.

Dean, Warren. 1976. Rio Claro: A Brazilian Plantation System, 1820-1920. Stanford University Press. “Discurso Recitado Pelo Exm. Snr. Doutor João Antonio de Miranda, Prezidente Da Provincia Do Maranhão, Na Abertura Da Assemblea Legislativa Provincial.” 1841. Maranhão. Center for Research Libraries, Global Resources Network. http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/340/.

Dunn, Richard S. 2014. A Tale of Two Plantations: Slave Life and Labor in Jamaica and Virginia. Harvard University Press.

Echo Do Norte. 1835. “Pará,” October 18, Vol 2, N.6 edition. Memória Digital, Biblioteca Nacional.

Eisenberg, Peter L. 1974. The Sugar Industry in Pernambuco: Modernization Without Change, 1840-1910. University of California Press.

Ellison, Thomas. 1858. A Handbook of the Cotton Trade: Or a Glance at the Past History, Present Condition, and Future Prospects of the Cotton Commerce of the World. London: Longman, Brown, Green, Longmans, and Roberts.

Eltis, David, Frank D. Lewis, and David Richardson. 2005. “Slave Prices, the African Slave Trade, and Productivity in the Caribbean, 1674–1807.” The Economic History Review 58 (4): 673–700. doi:10.1111/j.1468-0289.2005.00318.x.

Engerman, Stanley. 2015. “40 Years of Slavery Studies.” História Econômica & História de Empresas 18 (1).

Engerman, Stanley, Richard Sutch, and Gavin Wright. 2006. “Slavery.” In Historical Statistics of the United States, Millennial Edition On Line, 2-369; 2-374. Cambridge University Press.

Farol Marenhense. 1830. “Tráfico de Escravos,” January 5.

Findlay, Ronald, and Kevin H. O’Rourke. 2007. Power and Plenty: Trade, War, and the World Economy in the Second Millennium. Princeton, N.J. ; Woodstock, Oxfordshire England: Princeton University Press.

“FO 13/30 - Arthur Aston, Consuls John Parkinson and Robert Hesketh.” 1826. The National Archives, Kew.

“FO 63/249 - Consuls Alexander Cunningham, Robert Hesketh, and William Pennell, Etc. (Brazil).” 1822. The National Archives, Kew.

Fogel, Robert William. 1994. Without Consent Or Contract: The Rise and Fall of American Slavery. Norton.

Fragoso, João. 2002. “Mercados e Negociantes Imperiais: Um Ensaio Sobre a Economia do Império Português (Séculos XVII e XIX).” História: Questões & Debates 36 (1). http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/historia/article/view/2690.

Fragoso, João Luís Ribeiro, and Manolo Florentino. 2001. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia : Rio de Janeiro, c.1790-c.1840. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Frank, Zephyr L. 2004. Dutra’s World: Wealth and Family in Nineteenth-Century Rio de Janeiro. Albuquerque: University of New Mexico Press.

“From H. Chamberlain (Brazil), FO 63/246.” 1822. The National Archives, Kew.

Gayoso, Raimundo José de Souza. 1818. Compendio Historico-Politico Dos Principios Da Lavoura Do Maranhão. Paris: Officina de P.-N. Rougeron.

Graham, Richard. 1981. “Slavery and Economic Development: Brazil and the United States South in the Nineteenth Century.” Comparative Studies in Society and History 23 (4): 620–55.

Gray, Lewis Cecil. 1933. History of Agriculture in the Southern United States to 1860. Vol. 2. 2 vols. Carnegie Institution of Washington.

Hawthorne, Walter. 2010. From Africa to Brazil: Culture, Identity, and an Atlantic Slave Trade, 1600-1830. Cambridge ; New York: Cambridge University Press.

Jornal Do Commercio. 1836. “Interior: Noticias Do Pará,” January 7, 4 edition.

Klein, Herbert S., and Francisco Vidal Luna. 2010. Slavery in Brazil. Cambridge University Press.

Koster, Henry. 1816. Travels in Brazil. London: Longman, Hurst, Rees, Orme, and Brown, Paternoster-Row.

Lago, Antônio Bernardino Pereira do. 1822. Estatística histórico-geográfica da província do Maranhão. Editora Siciliano.

Lepler, Jessica M. 2013. The Many Panics of 1837: People, Politics, and the Creation of a Transatlantic Financial Crisis. New York, NY: Cambridge University Press.

Luna, Francisco Vidal, and Herbert S. Klein. 2004. “Slave Economy and Society in Minas Gerais and São Paulo, Brazil in 1830.” Journal of Latin American Studies 36 (01): 1–28. doi:10.1017/S0022216X03007053.

Malheiro, Agostinho Marques Perdigão. 1867. A escravidão no Brasil : ensaio historico-juridico-social. Vol. 3. Rio de Janeiro: Typographia Nacional. http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/174437.

Mancall, Peter C., Joshua L. Rosenbloom, and Thomas Weiss. 2001. “Slave Prices and the South Carolina Economy, 1722–1809.” The Journal of Economic History 61 (03): 616–639. doi:null.

Mann, James A. 1860. The Cotton Trade of Great Britain: Its Rise, Progress and Present Extent. Simpkin, Marshall.

Marcondes, Renato Leite. 2005. “Posse de Cativos No Interior Do Maranhão (1848).” Revista Do Instituto Arqueológico, Histórico E Geográfico Pernambucano, no. 61 (July): 169–86.

Marcondes, Renato Leite. 2009. Diverso E Desigual: O Brasil Escravista Na Década de 1870. FUNPEC.

Mattoso, Kátia M. de Queirós, Herbert S. Klein, and Stanley L. Engerman. 1986. “Research Note: Trends and Patterns in the Prices of Manumitted Slaves: Bahia, 1819–1888.” Slavery & Abolition 7 (1): 59–67. doi:10.1080/01440398608574903.

Mello, José Antônio Gonsalves de, ed. 1975. O Diario de Pernambuco E a História Social Do Nordeste (1840-1889). Vol. 2. 2 vols. Recife: O Diario de Pernambuco.

Mesquita, Francisco de Assis Leal. 1987. Vida e morte da economia algodoeira do Maranhão: uma análise das relações de produção na cultura do algodão, 1850/1890. Universidade Federal do Maranhão.

Miller, Joseph C. 1986. “Slave Prices in the Portuguese Southern Atlantic, 1600-1830.” In Africans in Bondage: Studies in Slavery and the Slave Trade, by Paul E. Lovejoy. Madison: African Studies Program, University of Wisconsin.

Mota, Antonia da Silva, and Daniel Souza Barroso. 2017. “Economia e demografia da escravidão no Maranhão e no Grão-Pará: uma análise comparativa da estrutura da posse de cativos (1785-1850).” Revista de História, no. 176 (January): 01-41. doi:10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.121833.

Moura Filho, Heitor Pinto de. 2010. “Câmbio de longo prazo do mil-réis: uma abordagem empírica referente às taxas contra a libra esterlina e o dólar (1795-1913).” Cadernos de História 11 (15): 9–34. doi:10.5752/P.2237-8871.2010v11n15p9.

Pedreira, Jorge Miguel Viana. 1995. “Os Homens de Negócio Da Praça de Lisboa de Pombal Ao Vintismo (1755-1822): Diferenciação, Reprodução E Identificação de Um Grupo Social.” Lisboa: FCSH.

Pereira, Thales A. Zamberlan. 2016. “Was It Uruguay or Coffee? The Causes of the Beef Jerky Industry’s Decline in Southern Brazil (1850 - 1889).” Nova Economia 26 (1): 7–42. doi:10.1590/0103-6351/3005.

Phillips, Ulrich Bonnell, and John David Smith. 2007. Life and Labor in the Old South. Columbia, S.C: University of South Carolina Press.

Prado Jr, Caio. 1948. Formação do Brasil contemporâneo. Editora Brasiliense.

Recenseamento do Brasil, 1920. 1986. Resumo Histórico Dos Inquéritos Censitários Realizados No Brasil. Ed. fac-Similada. São Paulo: Instituto de Pesquisas Econômicas.

Resende, Guilherme, Flávio Rabelo Versiani, Luiz Paulo Ferreira Nogueról, and José Raimundo Oliveira Vergolino. 2014. “Preços de Escravos E E Produtividade Do Trabalho Cativo: Pernambuco E Rio Grande Do Sul, Século XIX.” Anais do XLI Encontro Nacional de Economia [Proceedings of the 41th Brazilian Economics Meeting].

ANPEC - Associação Nacional dos Centros de Pósgraduação em Economia [Brazilian Association of Graduate Programs in Economics]. http://econpapers.repec.org/paper/anpen2013/030.htm.

Rothman, Adam. 2005. Slave Country: American Expansion and the Origins of the Deep South. Harvard University Press.

Schwartz, Stuart B. 1982. “Patterns of Slaveholding in the Americas: New Evidence from Brazil.” The American Historical Review 87 (1): 55–86. doi:10.2307/1863308.

Silva, Daniel B. Domingues da. 2008. “The Atlantic Slave Trade to Maranhão, 1680–1846: Volume, Routes and Organisation.” Slavery & Abolition 29 (4): 477–501. doi:10.1080/01440390802486507.

Silva, Joaquim Norberto de Souza e. 1986. Investigações Sobre Os Recenseamentos Da População Geral Do Império E de Cada Província de per Si Tentados Desde Os Tempos Coloniais Até Hoje. Ed. fac-Similada. São Paulo: Instituto de Pesquisas Econômicas.

Simonsen, Roberto. 1967. História Econômica Do Brasil (1500/1820). Rio de Janeiro: Brasiliana.

Soares, Mariza de Carvalho, and Priscilla Leal Mello Mello. 2006. “‘O resto predeu-se’? História e Folclore: O Caso dos Muçulmanos das Alagoas.” In Visibilidades negras, 14–26. UFAL.

Steckel, Richard H. 1985. The Economics of U.S. Slave and Southern White Fertility. New York: Garland.

Stein, Stanley J. 1979. Origens e evolução da indústria têxtil no Brasil: 1850-1950. Rio de Janeiro: Editora Campus.

Stein, Stanley J. 1985. Vassouras, a Brazilian Coffee County, 1850-1900: The Roles of Planter and Slave in a Plantation Society. Princeton University Press.

Summerhill, William R. 2015. Inglorious Revolution: Political Institutions, Sovereign Debt, and Financial Underdevelopment in Imperial Brazil. New Haven: Yale University Press.

The New York Times. 1863. “FROM BRAZIL.; The Times in Brazil--The Activity of Pernambuco,” December 19.

Tollenare, Louis-François. 1905. Notas dominicaes tomadas durante uma residencia em Portugal e no Brasil nos annos 1816, 1817 e 1818. Impreza do Jornal do Recife.

Treasure Department. 1836. Letter from the Secretary of the Treasury, Transmitting Tables and Notes on the Cultivation, Manufacture, and Foreign Trade of Cotton. Washington, D.C.: Gales & Sraton. http://hdl.handle.net/2027/uc1.$b674462.

Velloso de Oliveira, Antonio Rodrigues. 1866. “A Igreja Do Brasil.” Revista Do IHGB XXIX (Parte Primeira): 159–200.

Versiani, Flávio Rabelo, and José Raimundo Oliveira Vergolino. 2003. “Posse de Escravos E Estrutura Da Riqueza No Agreste E Sertão de Pernambuco: 1777-1887.” Estudos Econômicos (São Paulo) 33 (2): 353–93. doi:10.1590/S0101-41612003000200005.

Viveiros, Jerônimo de. 1954. História do comércio do Maranhão. Vol. 1. São Luís: Associação Comercial Maranhão. “Voyages Database.” 2009. Voyages: The Trans-Atlantic Slave Trade Database. www.slavevoyages.org.

Ward, J. R. 1988. British West Indian Slavery, 1750-1834: The Process of Amelioration. Clarendon Press.

Williamson, Jeffrey G. 2016. “Review Essay on British Economic Growth, 1270-1870; by Stephen Broadberry, Bruce M. S. Campbell, Alexander Klein, Mark Overton, and Bas van Leeuwen.” Journal of Economic Literature 54 (2): 514–21. doi:10.1257/jel.54.2.514.

Wright, Gavin. 1978. The Political Economy of the Cotton South: Households, Markets, and Wealth in the Nineteenth Century. Norton.

Downloads

Publicado

01-12-2018

Edição

Seção

Artigo

Dados de financiamento

Como Citar

Pereira, T. A. Z. (2018). Lavoura de homem pobre? Escravidão nas regiões algodoeiras do Brasil (1800-1850). Estudos Econômicos (São Paulo), 48(4), 623-655. https://doi.org/10.1590/0101-41614843tzp