Uma leitura não-tradicional de Johann Friedrich Herbart
autogoverno pedagógico e posição ativa do educando
DOI:
https://doi.org/10.1590/s1678-4634201844182622Palavras-chave:
Herbart, Pedagogia, Autogoverno, Educador, EducandoResumo
O ensaio trata da obra Pedagogia geral, publicada pelo pedagogo alemão Johann Friedrich Herbart, em 1806. Embora tenha influenciado autores como John Dewey e Jean Piaget, Herbart é tomado até hoje como defensor da pedagogia tradicional, focada nos conteúdos e no papel diretivo autoritário do educador. Visando a desmistificar essa ideia, o ensaio expõe brevemente a arquitetônica da Pedagogia geral, extraindo dela a noção de pedagogia como campo independente de estudos, que investiga a ação pedagógica triplamente constituída, como ação de governo, ensino e disciplina. Ao justificar a pedagogia como campo independente de estudos, Herbart busca distanciá-la tanto da metafísica como da ciência experimental da época. O trabalho reconstrói, na sequência, a crítica de Herbart às duas formas de autoritarismo pedagógico próprias ao governo das crianças, amplamente exercidas em sua época: o castigo físico e a educação livresca. Como defensor do autogoverno pedagógico, ele não pôde, obviamente, aceitar em sua ideia de pedagogia geral qualquer forma de prática educativa que cerceie a liberdade humana. Por fim, a conclusão do ensaio apresenta a atualidade do pensamento de Herbart em relação a três aspectos: autogoverno pedagógico, estatuto da pedagogia e papel do educador (professor) como diretor intelectual. Não se trata aqui de querer transpor simplesmente os ideais pedagógicos desse autor do século XIX para o momento presente, mas sim de buscar nele inspiração conceitual para entender a atualidade em que vivemos e a nós mesmos, enquanto sujeitos que compreendemos tal atualidade.
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