Os impasses do ensino superior privado brasileiro

o professor e a perversão do laço formativo

Autores

  • Isael Sena Université Paris 8

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i1p188-189

Palavras-chave:

Ensino superior, Mercantilização do ensino, Laço formativo, Laço social perverso, Antropologia psicanalítica

Resumo

Em nome da luta contra as desigualdades sociais e por considerar a exclusão massiva de jovens do acesso ao ensino superior, o governo brasileiro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) implementou um conjunto de políticas públicas que possibilitaram a expansão dos sistemas de ensino primário e secundário, a qual repercutiu também no âmbito universitário. Na sequência, os governos de esquerda, inicialmente, o do ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva (2003-2011) e, em continuidade, o de Dilma Vana Roussef (2011-2016), contribuíram com esse mesmo processo ao ampliar o número de vagas nas instituições federais e, sobretudo, nas privadas. Com o fortalecimento da “privatização do ensino universitário”, as instituições merecedoras de subsídios financeiros indiretos do estado nacional, nos últimos anos, adquiriram, explicitamente, um caráter quase tão somente mercantil e lucrativo. A partir de tais considerações, interrogamos, na tese presente, por que os professores permaneceram trabalhando influenciados por esse modelo. Realizamos entrevistas com docentes de uma instituição privada a fim de possibilitar a estes profissionais um relato de suas experiências com a faculdade, os alunos e a transmissão. O estudo nos conduziu à compreensão de que a mercantilização da formação universitária, “à maneira brasileira”, produziu uma torção perversa ou cínica do laço subjetivo entre professor e aluno, pois impossibilitou o genuíno desdobramento desse vínculo e induziu, possivelmente, um quadro de apatia dos alunos e de melancolia formativa generalizada do professor. Contrariamente ao propalado, a formação universitária veio acompanhada de uma pauperização da qualidade da transmissão e da experiência necessárias à formação acadêmico-profissional.  Ademais, os diplomas, atualmente, são desvalorizados no mercado de trabalho. Assim, a pretendida luta contra as desigualdades sociais resultou, com exagero, naquilo que ela visava combater. O professor, embora submetido ao caráter alienante e repressivo da instituição, associado à mercantilização do ensino, transmitiu a mesma demanda inconsciente de fazer gozar o Outro do mercado capitalista.

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Publicado

2020-04-30

Como Citar

Os impasses do ensino superior privado brasileiro: o professor e a perversão do laço formativo. (2020). Estilos Da Clinica, 25(1), 188-189. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i1p188-189