Subjetividade

ferramenta para um jornalismo mais íntegro e integral

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.153247

Palavras-chave:

Jornalismo, Subjetividade, Representações, Ativismo, Epistemologia

Resumo

O jornalismo foi criado, desenvolvido e reproduzido em uma sociedade desigual, marcada por questões como o racismo, o classismo e o machismo. Dessa maneira, historicamente, contribuiu frequentemente para a reprodução desses fenômenos. Porém, usando o manto da objetividade, neutralidade e isenção, esse campo do conhecimento se notabilizou como lugar da verdade, da mediação confiável. Neste artigo, discutimos como esse manto, agora esgarçado, não dá conta de uma série de questões que receberam mais visibilidade nos últimos anos e tornaram possível revelar alguns dos limites dessa falsa objetividade jornalística. Propomos explorar o que chamamos de jornalismo de subjetividade como um instrumento que subverte critérios da noticiabilidade, amplia espaço para novas (ou sufocadas) representações e que pode se assumir ativista sem que haja uma recusa da apuração profunda e da checagem de dados. Entendemos, assim, a subjetividade como caminho para um jornalismo mais íntegro e integral.

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Biografia do Autor

  • Fabiana Moraes, Universidade Federal de Pernambuco

    Professora e pesquisadora do Núcleo de Design e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Campus Agreste. Jornalista com doutorado em sociologia, é autora de cinco livros. Pesquisa pobreza, celebrificação do cotidiano, jornalismo e subjetividade.

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Publicado

2019-08-19

Como Citar

Moraes, F. (2019). Subjetividade: ferramenta para um jornalismo mais íntegro e integral. Revista Extraprensa, 12(2), 204-219. https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.153247