Mulheres jornalistas e ditadura civil-militar no Brasil

debates de gênero e narrativas de resistência no jornalismo investigativo

Autores

  • Criselli Montipó Pontifícia Universidade Católica do Paraná
  • Cândida de Oliveira Universidade Federal de Santa Catarina
  • Magali Moser Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.157709

Palavras-chave:

Mulheres repórteres, Jornalismo investigativo, Ditadura civil-militar brasileira, Livro-reportagem, Gênero

Resumo

Frente às desigualdades de gênero, este trabalho reflete sobre atuações e contribuições de mulheres repórteres na investigação jornalística. Analisa métodos de apuração, fontes consultadas e a composição narrativa a partir de um corpus formado por três livros-reportagem de jornalistas investigativas sobre a ditadura civil-militar brasileira. Inicialmente, foram identificados 22 livros com este perfil, publicados entre 1986 e 2018, a partir de levantamento de 125 livros de autoria de jornalistas envolvendo a temática. Para uma análise detalhada e aprofundada, a pesquisa se concentra em movimentos da análise crítica da narrativa (MOTTA, 2013), a fim de alcançar um panorama sobre as contribuições de mulheres jornalistas na investigação do período autoritário. Os dados denotam uma participação ainda tímida, mas fundamental para a reconstituição mais plural de memórias e histórias de resistência à ditadura, com ênfase em possibilidades estéticas.

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Biografia do Autor

  • Criselli Montipó, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

    Doutoranda e mestra em Jornalismo (2012) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv/2005). Professora da Escola de Comunicação e Artes da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

  • Cândida de Oliveira, Universidade Federal de Santa Catarina

    Doutoranda e mestra em Jornalismo (2012) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsista Capes. Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijui/2009).

  • Magali Moser, Universidade Federal de Santa Catarina

    Doutoranda e mestra em Jornalismo (2016) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Bolsista Fapesc. Especialista em Estudos Literários pela Universidade Regional de Blumenau (FURB/2010). Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI/2005).

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Publicado

2019-08-16

Como Citar

Mulheres jornalistas e ditadura civil-militar no Brasil: debates de gênero e narrativas de resistência no jornalismo investigativo. (2019). Revista Extraprensa, 12(2), 7-29. https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.157709