Notas sobre a concepção hobbesiana das relações do desejo e da razão com o tempo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v21i1p29-44Palavras-chave:
Hobbes, tempo, desejo, razão, cálculoResumo
O propósito deste artigo é discutir o modo como Hobbes concebe a relação do desejo com o tempo, entendido o ponto como o esforço para determinar se e como o filósofo atribui privilégios práticos ou ao presente, ou ao passado, ou ao futuro, ou se, alternativamente, sua posição é de neutralidade com relação a essa questão. O desenvolvimento da análise mostra que aqui o progresso depende criticamente do modo como Hobbes concebe a racionalidade dos comportamentos humanos. Essa ligação da racionalidade com o tempo não constitui, contudo, todo o necessário para o trabalho elucidativo a que se propõe o artigo, o qual depende ainda da consideração de vários elementos doutrinários complementares, notadamente a explicação do modo como Hobbes entende a natureza metafísica do tempo, da vida e das paixões que a animam; de sua concepção dos sinais, dos nomes e, em geral da linguagem e da relação desta com o cálculo, assim como de sua tese sobre o estatuto da felicidade humana. A partir da retomada articulada desses diferentes aspectos, o artigo concluirá mostrando que Hobbes, ao introduzir a distinção entre bem aparente e bem real, sustentará que, malgrado a shortsightness a que nos compelem as paixões, a capacidade que nos dá a razão de calcular causas e consequências nos permite visualizar prudencialmente o futuro, de modo que, podendo recurvar a linha do tempo e, assim, anular o privilégio que espontaneamente damos ao presente, não só também podemos, mas devemos, fazer do futuro o guia para construção de nossas vidas.Downloads
Referências
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