A Filologia e o estudo de Requerimentos do Arquivo Histórico Ultramarino

Autores

  • Eliana Correia Brandão Gonçalves Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v22iEspecialp75-92

Palavras-chave:

Filologia, Textos históricos, Memória, Violência, Escravatura e (re)existência negra

Resumo

O artigo apresenta considerações sobre a notabilidade da Filologia na organização de edições de Requerimentos históricos do Conselho Ultramarino, que registram uma complexa rede histórico-cultural e linguística. Nesse viés, a ação transformadora da atividade filológica reverbera lampejos críticos nas descontinuidades dos diversos tempos do texto – tempo de produção, tempo de recepção e tempo de análise – e no reconhecimento das variadas lutas políticas dos nossos semelhantes, lugares de memória e territórios de identidade. No âmbito dessas conceituações e reflexões, a leitura filológica é dinâmica e plural, buscando desvelar no multiverso do texto os seus rastros e as suas significações políticas. Para tanto, será examinado o Requerimento do escravo Francisco da Cruz ao príncipe regente [D. João] que solicita proteção régia contra as injustiças praticadas por seu senhor Antônio da Cruz Veloso.

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Biografia do Autor

  • Eliana Correia Brandão Gonçalves, Universidade Federal da Bahia

    ProfessoraAdjuntada Área de Filologia Românica da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura –PPGLinC –do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia; Coordenao Grupo de Estudos Filológicos e Lexicais(GEFILL –UFBA), Salvador, BA, Brasil.

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2020-12-22 — Atualizado em 2020-12-22

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A Filologia e o estudo de Requerimentos do Arquivo Histórico Ultramarino. (2020). Filologia E Linguística Portuguesa, 22(Especial), 75-92. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v22iEspecialp75-92