“Onde” não interrogativo no português falado no Libolo (Angola) – cotejos com dados do cabo-verdiano de São Nicolau

Autores

  • Maria de Lurdes Zanoli Universidade de São Paulo, São Paulo
  • Márcia Santos Duarte de Oliveira Universidade de São Paulo, São Paulo
  • Vanderlei Maurer de Andrade Universidade de São Paulo, São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v18i2p391-420

Palavras-chave:

“Onde” não interrogativo. Português do Libolo. Caboverdiano de São Nicolau. Highlighter.

Resumo

Nosso objetivo é ratificar a análise parcial sugerida por Andrade (2015a) de que, um conjunto de dados que atestam o “onde” não interrogativo no português falado no Libolo/Angola (PLb) não introduz sentenças relativas, mas sim sentenças com categoria sintático-discursiva. A fim de corroborar nossa análise, nós nos apoiamos em alguns estudos sobre o caboverdiano, variedade de São Nicolau (CSN), desenvolvidos dentro do modelo de interface fonológico-sintático. Nossa conclusão é a de que sentenças com “onde” não interrogativo no PLb, e que sempre são seguidos por “é que”, podem estar envolvidas pelo conceito de “highlighter”, um marcador sintático-discursivo. A comparação entre o PLb e o CSN, desenvolvida no trabalho, é feita entre “línguas reestruturadas” (no sentido de Holm, 2004): (i) o PLb, considerada uma língua “parcialmente reestruturada” – ver, entre outros, Figueiredo e Santos (2014); (ii) o CSN, considerada uma língua “completamente reestruturada” – ver, entre outros, Zanoli (2015).

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maria de Lurdes Zanoli, Universidade de São Paulo, São Paulo
    Mestre pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas.
  • Márcia Santos Duarte de Oliveira, Universidade de São Paulo, São Paulo
    Professora Doutora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas.
  • Vanderlei Maurer de Andrade, Universidade de São Paulo, São Paulo
    Graduando da Universidade de São Paulo.

Referências

Alexandre N, Oliveira MSD. Caboverdiano e Português: cotejando estruturas focalizadas. In: Oliveira MSD, Araujo GA, Pilar Araújo PJ, organizadores. O Português na África Atlântica. São Paulo: HUMANITAS/FAPESP. No prelo.

Âmbar MM. Para uma sintaxe da inversão sujeito-verbo em Português. Lisboa: Edições Colibri; 1992.

Andrade VM. Relatório final da pesquisa de Iniciação Científica: ‘Estratégias de Relativização no Português Falado no Libolo/Angola – um Estudo Inicial’. São Paulo: Universidade de São Paulo. Manuscrito; 2015a.

Andrade VM. Corpus Específico da pesquisa de Iniciação Científica: ‘Estratégias de Relativização no Português Falado no Libolo/Angola’. São Paulo: Universidade de São Paulo. Manuscrito; 2015b.

Angenot JP, Mfuwa N, Ribeiro MA. Imbumdu [H20] e umbundo [R10]. PAPIA, 2011;21(2):253-266.

Arends J, Muysken P, Smith N. Pidgns and Creoles: an introduction. Amsterdam/ Philadelphia: John Benjamins; 1994.

Arends J, Kouwenberg S, Smith N. Theories focusing on the non-European input. In: Arends J, Muysken P, Smith N, editores. Pidgins and creoles an introduction, Part II, Theories of Genesis. Amsterdam: John Benjamins; 1994. p. 99-109.

Arends J, Bruyn A. Gradualist and developmental hypotheses: In: Arend, J, Muysken P, Smith N, editores. Pidgins and creoles an introduction. Amsterdam: John Benjamins; 1994. p. 111-120.

Bandeira M et al. “Projeto Libolo” – organização e metodologia para transcrições dos dados. Manuscrito; 2014.

Baptista M. The syntax of Cape Verdean Creole - the Sotavento Varieties. Amsterdan- Fhiladeelphia. John Benjamins Publishing Company; 2002. vol. 54.

Besten H, Muysken P, Smith N. Theories focusing on the European input. In: Arendes J, Muysken P, Norval S, editores. Pidgins and creoles an introduction, Amsterdam: John Benjamins; 1994. p. 87-98.

Bickerton D. Creole Languages and the Bioprogram. In: Newmeyer F, organizadores. Linguistics The Cambridge survey, 2 Cambridge: Cambridge University Press; 1988. Vol. 2. p. 268 - 284.

Braga ML, Kato MA, Mioto C. As construções-Q no português brasileiro falado. In: Kato MA, Nascimento M. Gramática do Português Culto Falado no Brasil. Volume III, A construção da sentença. Campinas: Editora da Unicamp; 2009.

Brito AM, Duarte I. Orações relativas e construções aparentadas. In: Mateus MH et al. Gramática da língua portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho; 2003. p. 653-694.

Boersma P, Weenink D. Praat: doing phonetics by computer. 2012. Disponível em: <http://www.fon.hum.uva.nl/praat/> .

Costa J, Duarte I. Minimizando a estrutura: uma análise unificada das construções de clivagem em português. Actas do XVI encontro nacional da associação portuguesa de lingüística, Lisboa. 2001. p. 627-738.

Delgado CA. Crioulos de Base Lexical Portuguesa como factores de identidades em África: o caso de Cabo Verde (subsidios para uma abordagem metodológica). Praia. Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro. 2009.

Delgado R. Ao sul do Cuanza: ocupação e aproveitamento do antigo reino de benguela. Lisboa: Imprensa Beleza; 1944b. Vol. II.

Figueiredo C, Santos EF. Construções [FOC+Q] no português do Município do Libolo, Angola. Filologia e Línguística Portuguesa, 2014;16(1):209-231.

Figueiredo C, Oliveira MSD. Português do Libolo, Angola, e português afro-indígena de Jurussaca, Brasil: cotejando os sistemas de pronominalização. Papia, 2013;23(2):105-185.

Figueiredo C, Guimarães F, Oliveira MSD, organizadores. ‘Projeto Libolo’ - Município do Libolo, Kwanza Sul, Angola: aspectos linguístico-educacionais, histórico-culturais, antropológicos e sócio-identitários. 1. ed. Lisboa: Chiado; 2016. v. 1.

Figueiredo C, Jorge LTL, Oliveira MSD. O clítico “lhe” em relativas do Português do Libolo, Angola: evidências de merge de beneficiário por traço edge. In: Society of Pidgin and Creole Linguistics e Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola, organizadores. Conference booklet - Graz, July 7th-9th 2015, 24-25. Graz: Universität Graz, Institut für Sprachwissenschaft. Disponível em: <https://sprachwissenschaft.uni- graz.at/de/forschen/spcl-acblpe-015/conference ebooklet/>. Acesso em 15/09/2016.

Guthrie M. The Classification of the Bantu Languages, London: Oxford University Press for the International African Institute; 1948.

Holm J. The creole ‘copula’ that highlighted the world. In: Dillard JL, editor. Perspectives on American English. The Hague: Mouton; 1980. p. 367-375.

Holm J. languages in contact – the partial restructuring of vernaculars. Cambridge: Cambridge University Press; 2004.

Holm J. Sixteenth-century evidence regarding the origins of the Capeverdean verbal marker -ba Evidências seiscentistas sobre a origem do marcador verbal -ba do kabuverdianu. Papia, 2012;23(1):39-49.

Holm J, Inverno L. The vernacular Portuguese of Angola and Brazil: partial restructuring of the noun phrase. Comunicação apresentada no Encontro Anual da Associação: Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola, Université d’Orléans. 2005.

Jorge L, Oliveira MSD. ‘Por que que é assim?’ - Considerações sobre fronteamento de qu em línguas crioulas do Atlântico e no português do Brasil. Papia, 2012;22(2):253-277.

Jorge LT, Oliveira MS, Santos EF. O‘sujeito’ focalizado no português do Libolo e no cabo-verdiano (Barlavento). Trabalho apresentado no encontro da Society of Pidgin and Creole (SPCL) e Associação de Crioulos de Base Portuguesa e Espanhola (ACBLPE). Graz,Universität Graz; 2015.

Jun SA. Prosodic typology: the phonology of intonation and phrasing. New York: Oxford University Press; 2005.

Jun SA. Prosodic typology II: the phonology of intonation and phrasing. Oxford: Oxford. University Press; 2014.

Ladd DR. Intonational Phonology. Cambridge: CUP; 1996.

Ladd DR. Intonational phonology. 2.ed. Cambridge: CUP; 2008.

Lopes FJ. Para Uma Análise Sintática das Construções Relativas no Crioulo da Ilha de São Nicolau – Cabo Verde. 2012. 157 f. Dissertação. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.

Lopes FJ, Zanoli ML. Considerações sobre foco na posição de sujeito no crioulo de São Nicolau. Trabalho apresentado no Congresso em conjunto da 13o ACBLPE/7o ABECS. Universidade de São Paulo. Manuscrito; 2012.

Lopes FJ, Zanoli ML. Corpus de pesquisa de Mestrado para Experimento de Obtenção de Foco no Crioulo de São Nicolau. Universidade de São Paulo. Manuscrito; 2013.

Lopes da Silva B. O dialecto crioulo de Cabo Verde. Cabo Verde: Imprensa Nacional;1984.

Mioto C, Negrão EV. As sentenças clivadas não contêm relativas. In: Castilho AT et al., organizador. Descrição, história e aquisição do português brasileiro. Campinas: Pontes; São Paulo: FAPESP; 2007. p. 159-184

Modesto M. As construções clivadas no português do Brasil: relações entre interpretação focal, movimento sintático e prosódia. São Paulo: Humanitas; 2001.

Muysken P, Veenstra T. Universalist approaches. In: Arends J, Muysken P, Smith N, editores. Pidgins and Creoles: An introduction. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins; 1994. p. 121-134.

Nascimento M, organizador. Gramática do português culto falado no Brasil – A construção da sentença. Campinas: Editora da Unicamp; 2009. p. 241-289.

Negrão EV. As relativas livres no PB: efeito de conformidade categorial. Anais de Seminários do GEL 2; 1994. p. 1036-1042.

Oliveira MSD. Focus in Brazilian Portuguese. In: Petter MT, Vanhove M, organizadores. Portugais et langues africaines. Études afro-brésieliennes. Paris: Karthala; 2011. p. 75- 121.

Oliveira MSD. DPs/WHs followed by highlighter in Atlantic restructured languages: a non cleft construction. In: Papia 2014;24(2): 401-421.

Oliveira MSD, et al. O conceito de português afro-indígena e a comunidade de Jurussaca. In: Avelar JO, Alvárez Lopes L, organizadores. Dinâmicas afro-latinas: língua(s) e história(s). Frankfurt an Main: Peter Lang; 2015. p. 149-178.

Oliveira MSD, Holm J. Estruturas-QU fronteadas e o ‘foco gramaticalmente controlado’ – a participaçãoo de línguas africanas em línguas parcialmente e completamente reestruturadas. PAPIA, 2011;21(1):23-38.

Oliveira MSD, Zanoli ML, Andrade VM. “Onde” não interrogativo no português falado no Libolo (Angola) – cotejos com dados do cabo-verdiano de São Nicolau. Trabalho apresentado no Congresso Internacional da ACBLPE (Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola). Praia, Ilha de Santiago, Cabo Verde. 2016.

Pierrehumbert J. The phonology and phonetics of English intonation. [Tese] Massachusetts: Department of Linguistics and Philosophy, Massachesetts Institute of Technology; 1980.

Pierrehumbert J, Beckman M. Intonational Structure in Japanese and English. Phonology Yearbook; 1986;3:255-310.

Ribeiro I. As sentenças relativas. In: Lucchesi D, Baxter A, Ribeiro I, organizadores. O português afro-brasileiro. Salvador, Bahia: EDUFBA; 2009. p. 185-206.

Santos EF. Sentenças marcadas para o foco no português do Libolo: uma proposta de análise derivacional. [Tese]. São Paulo: Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo; 2015.

Santos EF, Oliveira MSD. Aspectos da Categoria Foco no Português de Angola. Filologia e Linguística Portuguesa, 2011;13(2):269-303.

Svartman FRF, et al. A partícula K’ no cabo-verdiano de São Nicolau – o Estado da Arte. Papia, 2015;25(2):263-301.

Tarallo F. Relativization strategies in Brazilian Portuguese. [Tese]. Philadelphia: University of Pennsylvania; 1983.

Zanoli ML. A checagem de ‘foco’ da categoria sujeito no cabo-verdiano - variedade de São Nicolau. Muenchen: Lincom Europa. Lincom Studies in Pidgin e Creole Linguistics, 14; 2015.

Downloads

Publicado

2016-12-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

“Onde” não interrogativo no português falado no Libolo (Angola) – cotejos com dados do cabo-verdiano de São Nicolau. (2016). Filologia E Linguística Portuguesa, 18(2), 391-420. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v18i2p391-420