Impressos da instrução pública no Império Brasileiro sob a lente da filologia

Autores

  • Suzana Lopes de Albuquerque Instituto Federal de Goiás
  • Carlota Boto Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20i1p115-125

Palavras-chave:

Castilho, História da educação, Ensino, Impressos, Instrução

Resumo

Esse trabalho visa trazer a visibilidade aos embates envolvendo a adoção do livro Iris Classico (1859) de autoria do português José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha (1810-1879) que circulou em diferentes províncias brasileiras durante o século XVIII. A obra Orthographia portuguesa e missão dos livros elementares; correspondência oficial, relativa ao Iris Classico (1860), de 201 páginas, foi escrita por José Castilho para responder às críticas brasileira, que segundo ele, sua obra Iris Classico recebera.  Dessa forma, abordando a temática da circulação de impressos em terras “d’aquém e d’alem mar”, esse artigo vislumbra analisar o engendramento de territórios, saberes, métodos em um contexto de internacionalização de ideias pedagógicas. Em tal impresso destinado aos alunos do ensino secundário brasileiro, estavam apresentadas discussões no campo da filologia, uma vez que o filólogo José Castilho estava na defesa pela língua vernácula e pelo purismo português, na contramão da “invasão da barbárie” dos “alienígenas” franceses. Tais adjetivos pejorativos utilizados pelo português para caracterizar as matrizes francesas no ensino da leitura e escrita no Império brasileiro denotam o espaço de embates, lutas e resistências presentes no campo da filologia brasileira Oitocentista, em um contexto de construção da língua nacional brasileira. Para fundamentar tais embates, serão abordados os trabalhos de Razzini (2000) que apresenta a obra Iris Clássico como antologia e o de Leite (2006), ao abordar e a concepção de purismo no campo da filologia como uma metalinguagem preocupada com o “bom português” no combate aos galicismos do escrito francês. Depara-se, portanto, com um campo envolvendo o ensino da língua minado por disputas e poderes que incidiam, inclusive, no território da autorização e circulação de impressos pedagógicos em solo brasileiro.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Suzana Lopes de Albuquerque, Instituto Federal de Goiás

    Suzana Lopes de Albuquerque é professora do Instituto Federal de Goiás – Câmpus Goiânia Oeste. Doutoranda no Programa de Pós Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Qualificação para Servidores do IFG (PIQS). Email: suialopes@hotmail.com

  • Carlota Boto, Universidade de São Paulo. Faculdade de Educação

    Carlota Boto é professora titular da Faculdade de Educação da USP e pesquisadora produtividade do CNPq (bolsa PQ 1D). Pedagoga e historiadora é mestre, doutora e livre-docente pela USP. É autora, dentre outros, dos livros A liturgia escolar na Idade Moderna, publicado pela Editora Papirus, A escola do homem novo e  Instrução pública e projeto civilizador, ambos publicados pela Editora Unesp. Email: reisboto@usp.br

Referências

Bittencourt CMF. Livro Didático e conhecimento histórico: uma história do saber escolar [tese]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1993.

Câmara Jr. JM. Filologia. Rio de Janeiro: Liceu Literário Português; [data desconhecida]. [citado 20 ag. 2017]. Disponível em: http://llp.bibliopolis.info/confluencia/pdf/1120.pdf.

Campos MIB, Oliveira ASS. Antologia escolar brasileira do século XIX: a presença do autor no preâmbulo. Fórum Linguistico. 2016;13(3):1476-1491.

Cavaliere R, Palma DV. Plano de atividades para o biênio 2014-2016. São Paulo: Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL); 2014.

Costa JC. Instrução Pública e Instituições Culturais em Alagoas. Maceió: EDUFAL; 2011.

Duarte A. História do Liceu alagoano. Maceió: Divulgação do Departamento Estadual de Cultura; 1961.

Elia S. A língua portuguesa no mundo. São Paulo: Ática; 2000.

Leite MQ. Metalinguagem e discurso: a configuração do purismo brasileiro. São Paulo: Associação Editorial Humanitas; 2006.

Lima F. Alencar e a terra de Iracema: conferência literária com um estudo sobre a vida e a obra de José de Alencar pronunciada. São Paulo: Auditório do Jornal A Gazeta; 1939.

Noronha JFCB. Iris Classico, ordenado e oferecido aos mestres e aos alunos das escolas brasileiras. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert; 1859.

__________. Orthographia portuguesa e missão dos livros elementares: correspondência oficial, relativa ao Iris Classico. Rio de Janeiro: Typ. e Livraria de B. X. Pinto de Sousa; 1860.

Oliveira, Campos. Antologia escolar brasileira do século XIX: a presença do autor no preâmbulo. Fórum Linguístico. 2016;13(3):1476-1491.

Razzini MP. O espelho da nação: a antologia nacional e o ensino de português e literatura (1838-1971) [tese]. Campinas: Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas; 2000. [citado 03 jun. 2017]. Disponível em: www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/tese21.html.

Restaino HC. A trajetória do ensino de língua portuguesa e de leitura na escola da República Velha. Anais do 15.º Congresso de Leitura do Brasil; 2005. [citado 05 jul. 2017]. Disponível em: www.alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais15/Sem08/hildarestaino.htm.

Teles ACS. Sobre uma carta de Machado de Assis a José Feliciano de Castilho (1865). Letrônica. 2015;8(1):195-204.

Vieira BVG. Um tradutor de latim sob D. Pedro II: perspectivas para a história da tradução da literatura greco-romana em português. Letras. 2010;80:71-87.

Downloads

Publicado

2018-06-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Impressos da instrução pública no Império Brasileiro sob a lente da filologia. (2018). Filologia E Linguística Portuguesa, 20(1), 115-125. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v20i1p115-125