Redescobrindo os brasileirismos

Autores

  • Bruna Elisa da Costa Moreira Universidade de Brasília, Brasília

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v18i2p421-442

Palavras-chave:

Brasileirismos. Português brasileiro. Lexicografia. História da língua portuguesa.

Resumo

Este trabalho tem como objetivo revisitar a categoria “brasileirismo”. Essa categoria é analisada sob dois pontos de vista, o da tradição, que aborda os brasileirismos na linha histórica como expressão que diverge da expressão portuguesa, e o da prática lexicográfica, que, com base no primeiro, tipifica certos vocábulos. O trabalho é elaborado a partir de revisão bibliográfica que remonta aos primeiros registros de brasileirismos na literatura, bem como da análise pontual de obras lexicográficas modernas. Um aspecto comum a todas as concepções de brasileirismo discutidas ao longo deste artigo é o aspecto que particulariza o português brasileiro (PB) em relação ao português europeu (PE), embora haja divergência quanto à questão das origens etimológicas dessas formações. Em vez de considerar esse fato problemático, este artigo conclui que a profusão de origens (e.g., ameríndia, africana, portuguesa) é uma das características fundamentais dos brasileirismos. Adicionalmente, este artigo resgata as contribuições de Mário de Andrade ao tema, a partir de sua visão particular de brasileirismos, com base em sua Gramatiquinha. A noção de brasileirismo é, então, estendida, de modo a abarcar, além de vocábulos, diversas outras construções e estratégias linguísticas, de diferentes origens, que, não obstante, seriam típicas do PB. Finalmente, a contribuição deste trabalho reside no convite a buscar uma história para o conceito de brasileirismo, a redescobri-lo e a pensar sobre quais estruturas e tendências do PB contemporâneo poderiam ser investigadas no âmbito dessa categoria.

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Biografia do Autor

  • Bruna Elisa da Costa Moreira, Universidade de Brasília, Brasília
    Pesquisadora de Pós-Doutorado (Bolsista PNPD/CAPES) do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL), Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP), Instituto de Letras (IL).

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Publicado

2016-12-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Redescobrindo os brasileirismos. (2016). Filologia E Linguística Portuguesa, 18(2), 421-442. https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v18i2p421-442