O trabalho de campo como um lugar em processo: experiências de uma pesquisa geográfica com a população em situação de rua numa grande metrópole

Autores

  • Igor Robaina Universidade Federal do Espírito Santo. Departamento de Geografia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.137916

Palavras-chave:

Fieldwork. Qualitative research. Spatiality. Epistemology. Homeless.

Resumo

O trabalho de campo é uma importante prática da geografia em diferentes perspectivas. Este artigo insere-se nesse contexto com uma experiência de pesquisa que entende o trabalho de campo não só como instrumento específico para a obtenção de dados, mas como um processo de construção de conhecimento marcado pela vivência do pesquisador em campo, com lógicas e dinâmicas socioespaciais de interação, posicionalidade e reflexividade. A pesquisa qualitativa analisou espacialidades cotidianas de pessoas em situação de rua na área central da cidade do Rio de Janeiro. Procurou-se compreender essas espacialidades por meio de aproximação e entrada no campo, diálogos, conflitos, limites e ética na pesquisa. Assim, o próprio o trabalho de campo constituiu-se num desafio epistemológico e ensejou reflexões e eventuais subsídios para a pesquisa geográfica.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Igor Robaina, Universidade Federal do Espírito Santo. Departamento de Geografia

    Graduado em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (2005), Mestre em História Social do Território pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2009) e Doutor em Geografia Humana pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2015). Como pesquisador dedica atenção especial aos estudos vinculados as diferentes espacialidades cotidianas de grupos e segmentos populacionais marginalizados no espaço urbano, especialmente, a população em situação de rua, bem como, aos aspectos teóricos e metodológicos da Geografia. Atualmente é Professor Adjunto no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo.

Referências

ABREU, M. A. O estudo geográfico da cidade no Brasil: evolução e avaliação – contribuição à história do pensamento geográfico brasileiro. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, 56, p.112-122, 1994.

BECKER, H. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BERGER, P.; LUCKMAN, T. A construção social da realidade. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

BUTLER, J. Cuerpos que importan: sobre los limites materiales y discursivos del “sexo”. Buenos Aires: Paidós, 2008.

CABRERA, P. Huéspedes del aire: sociología de las personas sin hogar en Madrid. Madrid: Universidad Pontificia Comillas, 1998.

CASTRO, C. La geografía en la vida cotidiana: de los mapas cognitivos al prejuicio regional. Barcelona: Ediciones del Serbal, 1997.

CICOUREL, A. Teoria e método em pesquisa de campo. In: GUIMARÃES, A. (Org.). Desvendando máscaras sociais. Rio de Janeiro, Forense, 1980. p. 87-122.

DALY, G. Homelessness and the street: observations from Britain, Canada and the United States. In: FYFE, N. (Org.). Images of the street: planning, identity and control in public space. London/New York: Routledge, 1998.

DALY, G. Migrants and gate keepers: the links between immigration and homelessness in Western Europe. Cities, v. 13, n. 1, p. 11-23, 1996.

DE CERTEAU, M. La invención del cotidiano 2: habitar, cocinar. Cidade do México: Universidad Iberoamericana, 1999.

DE CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1998.

ESCOLAR, C. Epistemología del trabajo de campo en geografía: problemas en torno a la construcción de los datos. Biblio 3W – Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, Barcelona, v. 96, n. 1, 1998. Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/b3w-96.htm. Acesso em: 26 abr. 2018.

ESCOREL, S. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 1999.

EYLES, J. The geography of everyday. In: GREGORY, D.; WALFORD, R. (Org.). Horizons in human geography. London: Macmilian, 1989. p. 102-107.

FRANGELLA, S. Corpos urbanos errantes: uma etnografia da corporalidade de moradores de rua em São Paulo. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2010.

GARFINKEL, H. Estudios en etnometodología. México/Bogotá: Anthropos/Universidad Nacional de Colombia, 2006.

GIORGETTI, C. Moradores de rua: uma questão social? São Paulo: Fapesp/Educ, 2006.

GOFFMAN, E. Os quadros da experiência social: uma perspectiva de análise. Petrópolis: Vozes, 2012.

GOFFMAN, E. A representação do eu na vida cotidiana. Petrópolis: Vozes, 1985.

GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

HÄGERSTRAND, T. ¿Que hay acerca de las personas en la ciencia regional? Serie Geográfica, Madrid: Universidad de Alcalá de Henares, n. 1, p. 93-110, 1991.

HELLER, A. Sociología de la vida cotidiana. Barcelona: Península, 1991.

HELLER, A. Historia y vida cotidiana: aportación a la sociología socialista. Barcelona/México: Grijalbo, 1972.

HOPE, M. The Importance of Direct Experience: A Philosophical Defense of Fieldwork in Human Geography. Journal of Geography in Higher Education, v. 33, n. 2, p. 169-182, 2009.

KASPER, C. Habitar a rua. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

KATZ, C. Playing the field: questions of fieldwork in geography. Professional Geographer, v. 46, n. 1, p. 67-72, 1994.

LACOSTE, I. A pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, v. 84, n. 1, p. 77-92, 2006.

LEFEBVRE, H. Critique of everyday life. London/New York: Verso, 1991.

LEFEBVRE, H. La vida cotidiana en el mundo moderno. Madrid: Alianza, 1980.

LEITE, L. A razão dos invencíveis – meninos de rua: o rompimento da ordem (1554-1994). Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1998.

LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Cadernos de Assistência Social, v. 18. Rio de Janeiro: Prefeitura do Rio de Janeiro, 2008.

LINDÓN, A. Los imaginarios urbanos y el constructivismo geográfico: los hologramas espaciales. Revista Eure, Santiago de Chile: Pontificia Universidad Católica de Chile, v. XXXIII, n. 99, p. 31-46, 2007.

LINDÓN, A. La espacialidad de la vida cotidiana: hologramas socio-territoriales de la cotidianidad urbana. In: NOGUÉ, J.; ROMERO, J. (Org.). Las otras geografías. Valencia: Tirant lo Blanch, 2006. p. 425-445.

LINDÓN, A. La vida cotidiana y su espacio-temporalidad. México: Anthropos, 2000.

NAIRN, K. Parties on geography fieldtrips: embodied fieldwork? New Zealand Women’s Studies Journal, v. 12, n. 2, p. 8-97, 1996.

PAIN, R.; FRANCIS, P. Living with crime: spaces of risk for homeless young people. Children’s Geographies, v. 2, v. 1, p. 95-110, 2004.

PAUGAM, S. Afastar-se das prenoções. In: (Org.). A pesquisa sociológica. Rio de Janeiro: Vozes, 2015. p. 17-32.

PIRES DO RIO, G. Trabalho de campo na (re)construção da pesquisa geográfica: reflexões sobre um tradicional instrumento de investigação. Geographia – UFF, Niterói, v.13, 25, p. 42-58, 2012.

RIZZINI, I. Life on the streets: life trajectories of children and youth on the streets. Rio de Janeiro: Loyola/Ed. PUC-Rio, 2003.

ROBAINA, I. M. M. Entre mobilidades e permanências: uma análise das espacialidades cotidianas da população em situação de rua na área central da cidade do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.

ROBAINA, I. M. M. “Nas margens do centro”: as populações de rua, suas sobrevivências e os espaços das grandes metrópoles. Caderno de Geografia, Belo Horizonte: PUC Minas, v. 23, p. 1-14, 2013.

ROSA, C. Vidas nas ruas. São Paulo: Hucitec/Rede Rua, 2005.

RUELLAN, F. O trabalho de campo nas pesquisas originais de geografia regional. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 35-50, 1944.

SCHMIDT, K.; ROBAINA, I. M. M. Beyond Removal: Critically Engaging in Research on Geographies of Homelessness in the City of Rio de Janeiro. Journal of Latin American Geography, Austin, v. 16, n. 1, p. 93-116, 2017.

SCHÜTZ, A. Fenomenologia e relações sociais. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

SILVA, H.; MILITO, C. Vozes do meio-fio: etnografia sobre a singularidade dos diálogos que envolvem meninos e adolescentes ou que tomam a adolescência e a infância por tema e objeto nas ruas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1995.

SNOW, D.; ANDERSON, L. Desafortunados: um estudo sobre o povo da rua. Petrópolis: Vozes, 1998.

SNOW, D.; BECKER, S.; ANDERSON, L. Criminality and Homeless Men: An Empirical Assessment. Social Problems, Oxford, 36, 5, p. 532-549, 1998.

SPRINGER, S. Homelessness: A proposal for a global definition and classification, Habitat International, v. 24, n. 4, p. 475-484, 2000.

STOFFELS, M. Os mendigos na cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

SUERTEGARAY, D. M. A. Pesquisa de campo em geografia. Geographia, Niterói, v. 4, n. 7, p. 64-68, 2002.

VARANDA, V.; ADORNO, R. Descartáveis urbanos: discutindo a complexidade da população de rua e o desafio para políticas de saúde. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 56-69, 2004.

VIEIRA, M. A. C.; BEZERRA, E. M. R.; ROSA, C. M. M. (Org.). População de rua: quem é, como vive, como é vista. São Paulo: Hucitec, 1992.

WOLF, M. Sociología de la vida cotidiana. Madrid: Cátedra Teorema, 1979.

ZUSMAN, P. La tradición del trabajo de campo en geografía. Geograficando, La Plata, v. 7, n. 7, p. 15-32, 2011.

Downloads

Publicado

2018-06-19

Edição

Seção

Notas de pesquisa de campo

Como Citar

ROBAINA, Igor. O trabalho de campo como um lugar em processo: experiências de uma pesquisa geográfica com a população em situação de rua numa grande metrópole. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 22, n. 1, p. 241–256, 2018. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.137916. Disponível em: https://revistas.usp.br/geousp/article/view/137916.. Acesso em: 19 abr. 2024.