São Paulo à venda: ultraneoliberalismo urbano, privatização e acumulação de capital (2017-2020)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2020.168529

Palavras-chave:

São Paulo, neoliberalismo, privatização, produção do espaço urbano

Resumo

O artigo analisa a venda da cidade como política pública e a experiência de desmanche neoliberal a partir da análise da gestão 2017-2020 da Prefeitura de São Paulo. O projeto de desestatização do atual governo é interpretado a partir do entendimento do neoliberalismo como doutrina e ideologia crescente e perene, verificando os novos fundamentos urbanos da acumulação de capital no século XXI. O acompanhamento do processo de venda da cidade de São Paulo permitiu entender como as políticas públicas implementadas impactam diretamente os processos de privatização, privação e mercantilização do espaço e na vida cotidiana. A lógica neoliberal e a valorização do privado se realizam como um negócio urbano que deteriora o sentido democrático da cidade, negando o espaço público, e subsumindo a política à economia num novo momento de expansão das relações capitalistas que denominamos de ultraneoliberalismo urbano.

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Biografia do Autor

  • Gustavo Francisco Teixeira Prieto, Universidade Federal de São Paulo

    Professor Adjunto da área de Economia Política da Urbanização no Instituto das Cidades  - Universidade Federal de São Paulo, Campus Zona Leste. Geógrafo (UFF) e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Foi pesquisador visitante na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS, Paris, França). 

  • Patrícia Laczynski, Universidade Federal de São Paulo

    Professora Adjunta da área de Políticas Públicas do Instituto das Cidades - Universidade Federal de São Paulo, Campus Zona Leste. Doutora em Administração Pública pela EAESP - FGV e membro do Coletivo Vigência. 

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Publicado

2020-06-22

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

São Paulo à venda: ultraneoliberalismo urbano, privatização e acumulação de capital (2017-2020). GEOUSP Espaço e Tempo (Online), [S. l.], v. 24, n. 2, p. 243–261, 2020. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2020.168529. Disponível em: https://revistas.usp.br/geousp/article/view/168529.. Acesso em: 29 mar. 2024.