Pensar radicalmente sob a repressão: a geografia crítica brasileira no contexto da ditadura civil-militar

Autores

  • Elisa Favaro Verdi Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.152423

Palavras-chave:

Geografia Crítica, ruptura crítica, ditadura civil-militar, modernização autoritária, Universidade de São Paulo

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar o contexto sócio-histórico de desenvolvimento da chamada Geografia Crítica brasileira. Tal movimento insere-se no momento da ditadura civil-militar, um período de autoritarismo e repressão política, social e intelectual. O questionamento que move essa reflexão, portanto, se deu no sentido de compreender como um pensamento crítico – a Geografia Crítica - se fortalece e prolifera em um momento de repressão. Para tanto, trataremos do processo de modernização autoritária que o regime militar implementou, com especial interesse na modernização do ensino superior e consequências para a Universidade de São Paulo (USP), mais especificamente para a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A intenção é compreender as possíveis relações entre tal contexto e a elaboração de novos temas e problemáticas na ciência geográfica, a partir dos sujeitos diretamente envolvidos nessa elaboração: os estudantes de graduação e pós-graduação em Geografia à época.

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Biografia do Autor

  • Elisa Favaro Verdi, Universidade de São Paulo
    Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo com estágio de pesquisa no Institut des Hautes Études de l'Amérique Latine (IHEAL), Sorbonne Nouvelle, Paris III, França. Bacharel e Licenciada pela USP.

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Publicado

2018-12-12

Edição

Seção

Dossiê 40 anos da Geografia Crítica

Como Citar

VERDI, Elisa Favaro. Pensar radicalmente sob a repressão: a geografia crítica brasileira no contexto da ditadura civil-militar. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), São Paulo, Brasil, v. 22, n. 3, p. 539–558, 2018. DOI: 10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.152423. Disponível em: https://revistas.usp.br/geousp/article/view/152423.. Acesso em: 24 abr. 2024.