Ritos de passagem: Dioniso e o coro de sátiros

Autores

  • John Cowart Dawsey Universidade de São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2016.116355

Palavras-chave:

ritos de passagem, margens das margens, f(r)icção, espantoso ou extraordinário, cotidiano, corpoiesis

Resumo

Nas origens da tragédia grega, no coro de sátiros do teatro dionisíaco, os gregos fitavam o horror. Nessa observação de Nietzsche se encontra o ponto de partida para uma discussão dos ritos de passagem e, particularmente, da experiência do límen. Contribuições da performance e do teatro contemporâneos realçam aspectos dessa experiência. As análises de Julia Kristeva também merecem atenção. A hipótese, inspirada no pensamento de Walter Benjamin, emerge no final: elementos vitais dos ritos de passagem e do teatro dionisíaco tem a ver com o que poderíamos chamar de “margens das margens”. Em destaque, a dupla retirada de máscaras (cotidianas e extraordinárias), os subterrâneos dos símbolos e a experiência de f(r)icção (com r entre parênteses) nas relações entre máscara e corpo. Parafraseando Pascal, o corpo tem razões que a cultura desconhece. Às margens das margens forma-se uma ótica dialética: espantoso (ou extraordinário) cotidiano, nada surpreendente no espantoso.

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Biografia do Autor

  • John Cowart Dawsey, Universidade de São Paulo, Brasil

    Nascido em São Paulo, John C. Dawsey é professor titular de antropologia na Universidade de São Paulo (USP). Possui Ph.D. em antropologia e mestrado em teologia pela Emory University. É bacharel em história pela Florida Southern. Na Universidade de São Paulo, coordena o Núcleo de Antropologia, Performance e Drama (Napedra), desde a sua fundação, em 2001, e, como coordenador convidado, atua junto ao Núcleo de Artes Afro-Brasileiras. É o autor e co-autor de vários livros, incluindo De que riem os boias-frias? Diários de antropologia e teatro (2013), Antropologia e performance: ensaios Napedra (2013), e A terra do não-lugar: diálogos entre antropologia e performance (2013). Também é um dos organizadores da edição especial sobre antropologia e performance da Revista de Antropologia (2013). Nas interfaces entre antropologia e teatro, procura explorar reconfigurações do campo da antropologia suscitadas pela obra de Walter Benjamin. Desenvolve pesquisas em antropologia e performance, antropologia da experiência, e antropologia benjaminiana. Duas questões inter-relacionadas surgem de forma recorrente em suas pesquisas. A primeira tem a ver com paradigmas do teatro na antropologia. A partir da obra de Walter Benjamin e de pensadores do teatro (Brecht, Artaud, et al) ele discute novos horizontes para o engajamento do teatro com a antropologia, repensando premissas do paradigma do teatro dramático – que se revelam em sua crítica imanente de várias obras da antropologia. A segunda questão tem a ver com a sua proposta de explorar possibilidades de pesquisa que se abrem para uma possível antropologia benjaminiana. Um conjunto de conceitos ou ferramentas de pesquisa resulta desses estudos: descrição tensa (tension-thick description), extraordinário ou espantoso cotidiano, margens das margens, subterrâneos dos símbolos, história do esquecimento, inconsciente sonoro, montagens carregadas de tensões, f(r)icção (com r entre parênteses), o lugar olhado e/ou sentido das coisas.

Publicado

2016-06-23

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

“Ritos De Passagem: Dioniso E O Coro De sátiros”. 2016. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 1 (1). https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2016.116355.