Da alucinação na clínica ao ver alucinatório da imagem: um percurso etnográfico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2019.146843

Palavras-chave:

Antropologia visual, Etnografia, Imagem, Doença de Alzheimer

Resumo

Seguir os fios que compõem a doença de Alzheimer, incluindo as linhas de fuga, foi o trajeto percorrido ao longo de minha pesquisa de doutorado. Neste artigo, mostro esse percurso etnográfico através das linhas e imagens com que fui tecendo a doença de Alzheimer como um campo de experiências e disputas, em que se constitui tanto um diagnóstico quanto um modo de subjetividade e uma estética. Das consultas médicas aos delírios, da medicina ao xamanismo e ponto de vista demente, as imagens me abriram para outras maneiras de ver e narrar a doença. E, ao longo desse trajeto, uma proposta etnográfica apareceu. O que a doença de Alzheimer me revelou do fazer antropológico? Pois à medida que a doença de Alzheimer ia sendo composta, tecia-se também uma etnografia.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Daniela Feriani, Universidade de São Paulo

    Daniela Feriani é pós-doutoranda no departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP), doutora (2017) e mestre (2009) pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É pesquisadora no Grupo de Antropologia Visual (GRAVI / USP) e do Laboratório Antropológico de Grafia e Imagem (La'grima / Unicamp). Estuda a composição da doença de Alzheimer e outras demências como diagnóstico, experiência e estética a partir de autobiografias, blogs, ensaios fotográficos, vídeos, gestos e metáforas. E-mail: danielaferiani@yahoo.com.br

Referências

Bakowski, Kris. 2003. Dealing with Alzheimer’s Blog. 24 dez. 2003. Disponível em: https://bit.ly/2OvPyiM. Acesso em: 26 mar. 2019.

Biehl, João. 2008. Antropologia do devir: psicofármacos – abandono social – desejo. Revista de Antropologia. São Paulo, USP, vol.51 n. 02.

Bruno, Fabiana. 2009. Fotobiografia: por uma metodologia da estética em antropologia. Tese de doutorado, Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

Burke, Lucy. 2015. The locus of our dis-ease: Narratives of family life in the age of Alzheimer’s. In Swinnen, Aagje & Schweda, Mark (eds.). Popularizing Dementia: Public Expressions and Representations of Forgetfulness. Aging Studies, vol.6. Germany: Transcript Verlag, Bielefeld, p. 23-42.

Cesarino, Pedro de Niemeyer. 2011a. Oniska: poética do xamanismo na Amazônia. São Paulo: Perspectivas.

Cesarino, Pedro de Niemeyer. 2011b. Mito, antropologia e teatro: entrevista com o antropólogo Pedro Cesarino, por Beatriz Labate. Avisos psicodélicos, 2 fev. 2011. Disponível em: https://bit.ly/2JEstvv.

Cesarino, Pedro de Niemeyer. 2013. O curador como etnógrafo, o etnógrafo como curador. Entrevista com Pedro Cesarino. Máquina de escrever. São Paulo: Capacete Entretenimentos. Disponível em: https://bit.ly/2TxX8KD.

Course, Magnus. 2012. The birth of the word. Language, force, and Mapuche ritual authority. HAU: Journal of Ethnographic Theory, vol. 2, no. 1: 1-26.

Deleuze, Gilles. 1992. Conversações. São Paulo: Editora 34.

Deleuze, Gilles. 2011. A literatura e a vida. In Crítica e clínica. Gilles Deleuze, 11-16. São Paulo: Editora 34.

Deleuze, Gilles e Félix Guattari. 1996. Ano zero – rostidade. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 3. Gilles Deleuze e Félix Guatari, 28-57. São Paulo: Editora 34.

Didi-Huberman, Georges. 2011. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Didi-Huberman, Georges. 2012a. Imagens apesar de tudo. Portugal: KKYM.

Didi-Huberman, Georges. 2012b. Quando as imagens tocam o real. Pós, vol. 2, no. 4: 204-219.

Didi-Huberman, Georges. 2013a. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro: Contraponto.

Didi-Huberman, Georges. 2013b. Disparates. “Ler o que nunca foi escrito”. In Atlas ou a Gaia Ciência Inquieta. Georges Didi-Huberman, 9-70. Lisboa: KKYM.

Dulley, Iracema. 2015. Os nomes dos outros: etnografia e diferença em Roy Wagner. São Paulo: Humanitas, Fapesp.

Feriani, Daniela. 2017a. Pistas de um cotidiano assombrado: a saga do diagnóstico na doença de Alzheimer. Ponto Urbe, vol. 20, no. 1.

Feriani, Daniela. 2017b. Rastros da memória na doença de Alzheimer: entre a invenção e a alucinação. Revista de Antropologia da USP, vol. 60, no. 2: 532-561.

Freud, Sigmund. 2006. O estranho. In Obras psicológicas completas, vol. 17. Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago.

Goldman, Marlene. 2015. Purging the world of the Whore and the horror. Gothic and apocalyptic portrayals of dementia in Canadian fiction. In Swinnen, Aagje & Schweda, Mark (eds.). Popularizing Dementia: Public Expressions and Representations of Forgetfulness. Aging Studies, vol.6. Germany: Transcript Verlag, Bielefeld, p. 69-88.

Ingold, Tim. 2007. Lines: a brief history. London, New York: Routledge.

Kopenawa, Davi e Bruce Albert. 2015. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras.

Landa, Fábio. 2003. E. Lévinas e N. Abraham: um encademamento a partir da Shoah. O estatuto ético do terceiro na constituição do simbólico em psicanálise. In História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes, org. Márcio Seligmann-Silva, 111-122. Campinas: Editora da Unicamp.

Lévi-Strauss, Claude. 2005. De perto e de longe. São Paulo: Cosac Naify.

Potocny, Joe. 2006. Living with Alzheimer’s. 25 set. 2006. Disponível em: https://bit.ly/2FAMf70. Acesso em: 25 mar. 2019.

Robbins, Jessica C. 2008. “Older americans” and Alzheimer´s disease: citizenship and subjectivity in contested time. University of Michigan.

Sacks, Oliver. 1997. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. São Paulo: Companhia das Letras.

Sacks, Oliver. 2006. Um antropólogo em Marte: sete histórias paradoxais. São Paulo: Companhia das Letras.

Severi, Carlo. 2009. A palavra emprestada ou como falam as imagens. Revista de Antropologia, vol. 52, no. 2: 459-505.

Severi, Carlo. 2011. L’espace chimérique: perception et projection dans les actes de regard. Gradhiva, no. 13:8:47. Disponível em: https://bit.ly/2JF294b.

Strathern, Marilyn. 2006. O gênero da dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas: Editora da Unicamp.

Strathern, Marilyn. 2014. O efeito etnográfico. In O efeito etnográfico e outros ensaios, ed. Florencia Ferrari, 345-405. Tradução de Iracema Dulley, Jamille Pinheiro e Luísa Valentini. São Paulo: Cosac Naify.

Taussig, Michael. 1993. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem: um estudo sobre o terror e a cura. São Paulo: Paz e Terra.

Taussig, Michael. 2011. I swear I saw this: drawings in fieldwork notebooks, namely my own. Chicago: University Of Chicago Press.

Viveiros de Castro, Eduardo. 2002. O nativo relativo. Mana 8 (1), 113-148.

Wagner, Roy. 1989. Symbols that stand for themselves. Chicago: University of Chicago Press.

Wagner, Roy. 1995. Hazarding intent. Why Sogo left Hweabi. In Other intentions: cultural contexts and the attribution of inner states, ed. Lawrence Rosen, 163-175. Santa Fe: School of American Research Press.

Wearing, Sadie. 2015. Deconstructing the American family. Figures of parents with dementia in Jonathan Franzen’s The Corrections and A.M. Homes’ May We Be Forgiven. In Swinnen, Aagje & Schweda, Mark (eds.). Popularizing Dementia: Public Expressions and Representations of Forgetfulness. Aging Studies, vol.6. Germany: Transcript Verlag, Bielefeld, p.43-68.

Publicado

2019-10-24

Edição

Seção

Dossiê Artes e antropologias

Dados de financiamento

Como Citar

“Da alucinação Na clínica Ao Ver alucinatório Da Imagem: Um Percurso etnográfico”. 2019. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 4 (1): 14-49. https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2019.146843.