Terapêutica da insistência: a cena de música experimental e o uso do transe mediado pela música como terapêutica contra males causados pelo ethos paulistano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2020.157126

Palavras-chave:

Etnomusicologia, Música Experimental, Transe, Práticas Terapêuticas, Patologias Urbanas

Resumo

Este artigo pretende abordar como participantes da cena de música experimental de São Paulo realizam práticas terapêuticas através das performances que ali acontecem. A terapia consistiria no uso da música como mediadora para uma busca pelo transe, intencionando tratar estados como a ansiedade ou a condição patológica que o blasé citadino pode gerar. Esses males, como dizem, são ocasionados pelo ethos dessa cidade, vetor que lhes impõe a necessidade de adaptação a um modo de vida que não compactuam. Por fim, considera-se que o grau de proximidade entre o performer e o público é relacionado ao grau da eficácia do tratamento pretendido e, a partir da reflexão sobre esse grupo e uma rápida comparação com outros, sugere-se que formas de tratamentos como essa podem ser recorrentes entre populações marginalizadas, permitindo-lhes uma forma de insistir em um modo de vida paralelo ao ethos predominante.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Renato Albuquerque de Oliveira, Universidade de São Paulo

    Mestrando em Semiótica e Linguística Geral e bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Especializou-se em História da Ciência pelo Instituto Butantan. Atualmente desenvolve pesquisa sobre como se evocam sons através de recursos intersemióticos na escrita etnográfica, tomando Tristes trópicos como exemplo. Realizou pesquisa entre músicos da cena experimental de São Paulo, pixadores da mesma cidade e sobre a possibilidade de uso de conhecimento terapêutico tradicional pela medicina científica. Dirigiu e roteirizou o filme Eu sou, que recebeu menção honrosa no Prêmio Mariza Corrêa de Antropologia Visual de 2018. E-mail: renato.ao@usp.br

Referências

Appadurai, Arjun. 1996. Modernity at large: cultural dimensions of globalization. Minneapolis: University of Minnesota Press.

Bastide, Roger. 2016. O sonho, o transe e a loucura. São Paulo: Três Estrelas.

Bateson, Gregory. 2006. Naven: um esboço dos problemas sugeridos por um retrato compósito, realizado a partir de três perspectivas, da cultura de uma tribo da Nova Guiné. São Paulo: Edusp.

Blacking, John. 2007. Música, cultura e experiência. Cadernos de Campo, vol. 16: 201-218.

Feld, Steven. 2016. Etnomusicologia e comunicação visual. GIS: gesto, imagem e som, vol. 1, no. 1: 239-279.

Lévi-Strauss, Claude. 1985. Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

Lévi-Strauss, Claude. 2004. O cru e o cozido Vol. 1: Mitológicas. São Paulo: Cosac Naify.

Pereira, Alexandre Barbosa. 2005. De rolê pela cidade: os pixadores de São Paulo. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Schechner, Richard. 2003. O que é performance? O Percevejo, vol. 12: 25-50.

Schechner, Richard. 2013. “Pontos de contato” revisitados. Revista de Antropologia, vol. 56, no. 2: 23-66.

Seeger, Anthony. 2008. Etnografia da música. Cadernos de Campo, vol. 17: 237-259.

Small, Christopher. 1998. Musicking: the meanings of performance and listening. Middletown: Wesleyan University Press.

Simmel, Georg. 1903/2005. As grandes cidades e a vida do espírito. Mana, vol. 11, no. 2: 577-591.

Wenger, Etienne. 1998. Communities of practice: learning, meaning and identity. Cambridge: Cambridge University Press.

REFERÊNCIAS AUDIOVISUAIS

Albuquerque de Oliveira, Renato. 2018. Eu sou. São Paulo, Brasil, cor, 11’. Disponível em: <https://vimeo.com/287277598>. Acesso em: 17 mar. 2020.

Haneke, Michael. 1989. Der Siebente Kontinent. Áustria, cor, 104’.

OUTRAS REFERÊNCIAS

“About Yoga Punx”. 2018. Yoga Punx’s official website. Disponível em: <http://bit.ly/3abZdFj>. Acesso em: 2 nov. 2018.

Cory, Ian. 2017. DeafKids defy the rational on “Configuração do lamento”. Invisible Oranges, 4 out. 2017. Disponível em: <http://bit.ly/2IY931f>. Acesso em: 1º nov. 2018.

Justini, Henrique Barbosa. 2016. Resenha do disco Configuração do Lamento. Floga-se, 8 jul. 2016. Disponível em: <http://bit.ly/3dcoKzN>. Acesso em: 1º nov. 2018.

Reveron, Sean. 2017. Why DeafKids are one of Brazil’s most important bands! Cvlt Nation, 12 jul. 2017. Disponível em: <http://bit.ly/38Vf89f>. Acesso em: 1º nov. 2018.

Publicado

2020-08-24

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

“Terapêutica Da Insistência: A Cena De Música Experimental E O Uso Do Transe Mediado Pela Música Como Terapêutica Contra Males Causados Pelo Ethos Paulistano”. 2020. GIS - Gesto, Imagem E Som - Revista De Antropologia 5 (1). https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2020.157126.