Geoquímica de piroclastos intemperizados da Caldeira Vulcânica de Poços de Caldas, Minas Gerais

Autores

  • André Luis Reis Bacha Universidade Federal de Alfenas
  • Diego de Souza Sardinha Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciência e Tecnologia
  • Letícia Hirata Godoy Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciência e Tecnologia
  • Matheus Fernando Ancelmi Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciência e Tecnologia

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v20-160771

Palavras-chave:

Complexo alcalino, Depósitos piroclásticos, Tufos vulcânicos intemperizados, Modelo evolutivo

Resumo

A caldeira vulcânica de Poços de Caldas é um dos maiores complexos magmáticos alcalinos circulares do mundo. Em razão da escassez de trabalhos sobre piroclastos que afloram nessa região, o presente estudo surgiu com o objetivo de caracterizar a geoquímica dos piroclastos intemperizados. Quatro afloramentos representativos foram selecionados, sendo classificados os tipos de depósitos e coletadas amostras totais (matriz + clasto) para a análise dos principais óxidos, elementos traços e terras raras. Os quatro pontos estudados (P1, P2, P3 e P4) apresentam litofácies lapilli tufo sem estrutura, tufo brecha indiferenciada sem estrutura e lapilli tufo grosseiro. As amostras possuem altas concentrações de Al2O3, Fe2O3, TiO2 e baixas de SiO2, K2O, Na2O, CaO e MgO, com trend avançado de intemperismo. As concentrações de elementos traços são similares às rochas da Caldeira Vulcânica, com altas concentrações de Ni, Cr, Co e V. Observou-se tendência de enriquecimento em High Field Strength Elements (HFSE) e empobrecimento em Large Ion Lithophile Elements (LILE), à exceção do Ba, cujas altas concentrações podem estar relacionadas com as baixas concentrações de K2O. Os elementos terras raras (ETR) apresentam padrão de fracionamento contínuo caracterizado pelo empobrecimento de elementos terras raras leves (ETRL) aos elementos terras raras pesados (ETRP) e pela ausência de anomalia de Eu (Eu/Eu* = 0,98 ± 0,02). Em comparação aos ETR das rochas da Caldeira Vulcânica, há maior empobrecimento em ETRP (Gd/Lunc = 6,8 ± 3), provavelmente relacionado ao intemperismo dos perfis estudados. Porém, os ETR também apresentam padrões de fracionamento diferenciados em relação aos saprólitos, solos e bauxitas, o que lhes confere características não pedogênicas, indicando que esses depósitos ainda preservam a assinatura geoquímica do

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Diego de Souza Sardinha, Universidade Federal de Alfenas, Instituto de Ciência e Tecnologia

    Engenheiro Ambiental, Mestre e Doutor em Geologia Regional. Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Alfenas (Unifal) ministrando disciplinas nos cursos de Graduação em Engenharia Ambiental e Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Engenharia Ambiental. Lotado no Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) de Poços de Caldas (MG) onde desenvolve pesquisa com ênfase em processos geoquímicos que ocorrem na superfície da litosfera, atuando principalmente em hidrogeoquímica de bacias hidrográficas. Trabalha em estudos de intemperismo, erosão, aportes atmosféricos e poluição geogênica / antropogênica, principalmente os relacionados a bacias de drenagem como unidade de estudo.

Referências

Almeida, F. F. M., Carneiro, C. D. R. (2012). Corpos alcalinos de Poços de Caldas, Itatiaia e São Sebastião. In: Y. Hasui, C. D. R. Carneiro, F. F. M. Almeida, A. Bartorelli. Geologia do Brasil, 464-466. São Paulo: Beca.

Alves, A. D. (2003). Rochas Vulcanoclásticas do Complexo Alcalino de Poços de Caldas – MG/SP. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Instituto de Geociências, USP. https://doi.org/10.11606/D.44.2003.tde-02042014-104025

Augustin, C. H. R. R., Lopes, M. R. S., Silva, S. M. (2013). Lateritas: um conceito ainda em construção. Revista Brasileira de Geomorfologia, 14(3), 241-257. http://dx.doi.org/10.20502/rbg.v14i3.202

Chapman, N. A., McKinley, I. G., Shea, M. E., Smellie, J. A. T. (1991). The Poços de Caldas Project: Summary and Implications for Radioactive Waste Management. SKBTechnical Report, 90-24 (Swedish Nuclear Fuel and Waste Management Co.). Disponível em: <https://www.skb.com/publication/7708/TR90-24_inlaga.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2020.

Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG). (2015). Projeto Fronteiras de Minas Gerais – Folha Caldas/Poços de Caldas. Escala 1:100.000. Belo Horizonte: Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.

Departamento Nacional de Produção Mineral (CPRM). (1979). Projeto Sapucaí: relatório final. Escala 1:250.000. Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. São Paulo: Editora do Departamento Nacional de Produção Mineral.

Ellert, R. (1959). Contribuição à geologia do maciço alcalino de Poços de Caldas. Boletim Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras USP, (18), 5-60. https://doi.org/10.11606/issn.2526-3862.bffcluspgeologia.1959.121851

Evensen, N. M., Hamilton, P. J., O’nions, R. K. (1978). Rare-earth abundances in chondritic meteorites. Geochimica et Cosmochimica Acta, 42(8), 1199-1212. https://doi.org/10.1016/0016-7037(78)90114-X

Fisher, R. V. (1960). Classification of Volcanic Breccias. Bulletin of the Geological Society of America, 71(7), 973-982. https://doi.org/10.1130/0016-7606(1960)71[973:COVB]2.0.CO;2

Fisher, R. V., Heiken, G., Mazzoni, M. (2006). Where do tuffs fit into the framework of volcanoes? In: G. Heiken. Tuffs: Their Properties, Uses, Hydrology, and Resources. Boulder: The Geological Society of America, v. 408. https://doi.org/10.1130/2006.2408(2.1)

Formoso, M. L. L., Nardi, L. V. S., Hartman, L. A. (1989). Geoquímica dos elementos terras raras no Brasil. Brasil: CPRM/DNPM, Sociedade Brasileira de Geoquímica.

Garda, M. G. (1990). A alteração hidrotermal no contexto da evolução geológica do maciço alcalino de Poços de Caldas, MG-SP. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Instituto de Geociências, USP. https://doi.org/10.11606/D.44.1990.tde-02092013-144159

Green, T. H. (1980). Island Arc and Continent-Building Magmatism – A review of petrogenic models based on experimental petrology and geochemistry. Tectonophysics, 63(1‑4), 367-385. https://doi.org/10.1016/0040-1951(80)90121-3

Holmes, D. C., Pitty, A. E., Noy, D. J. (1992). Geomorphological and hydrogeological features of the Poços de Caldas caldera analogue study sites. Journal of Geochemical Exploration, 45(1-3), 215-247. https://doi.org/10.1016/0375-6742(92)90126-S

Huber, H., Koeberl, C., Egger, H. (2003). Geochemical study of lower Eocene volcanic ash layers from the Alpine Anthering Formation, Austria. Geochemical Journal, 37(1), 123-134. https://doi.org/10.2343/geochemj.37.123

Indústrias Nucleares do Brasil (INB). (2011). Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD). UTM – Caldas – Minas Gerais. Nº Projeto099-515-3023. Mapa Geológico Regional (2). Escala 1:150.000. Rio de Janeiro: Indústrias Nucleares do Brasil.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (1972). Carta de Poços de Caldas. Folha SP-23-V-C-VI-4. Escala 1:50.000. Brasília: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Superintendência de Cartografia.

Jerram, D., Petford, N. (2014). Descrição de Rochas Ígneas – Guia Geológico de Campo. 2ª ed. Tradução: Ana Maria Pimentel Mizusaki, Rualdo Menegat. Porto Alegre: Bookman.

Mason, B. H. (1971). Princípios de Geoquímica. Tradução: Rui Ribeiro Franco. São Paulo: Polígono Editora da USP.

McClintock, M., White, J. D. L. (2006). Large phreatomagmatic vent complex at Coombs Hills, Antarctica: Wet, explosive initiation of flood basalt volcanism in the Ferrar-Karoo LIP. Bulletin of Volcanology, 68(3), 215-239. https://doi.org/10.1007/s00445-005-0001-1

Motoki, A., Oliveira, J. L. S. (1987). Reconsiderações vulcanológicas sobre a hipótese de caldeira vulcânica no Complexo Alcalino de Poços de Caldas, MG. Parte I: Rochas sedimentares como corpos capturados, fragmentados e afundados no magma fonolítico. IV Simpósio de Geologia de Minas Gerais, 240-243.

Motoki, A., Sichel, S. E. (2006). Avaliação de aspectos texturais e estruturais de corpos vulcânicos e subvulcânicos e sua relação com o ambiente de cristalização, com base em exemplos do Brasil, Argentina e Chile. Ouro Preto, REM: Revista Escola de Minas, 59(1), 13-23. https://doi.org/10.1590/S0370-44672006000100003

Motoki, A., Sichel, S. E., Soares, R., Aires, J. R., Savi, D. C., Petrakis, G. H., Motoki, K. F. (2008). Rochas piroclásticas de preenchimento de condutos subvulcânicos do Mendanha, Itaúna e Ilha do Cabo Frio, RJ, e seu processo de formação com base no modelo de implosão de conduto. Geociências, 27(4), 451-467.

Muhs, D. R., Budahn, J. R. (2009). Geochemical evidence for African dust and volcanic ash inputs to terra rossa soils on carbonate reef terraces, northern Jamaica, West Indies. Quaternary International, 196(1-2), 13-35. https://doi.org/10.1016/j.quaint.2007.10.026

Nesbitt, H. W., Young, G. M. (1984). Prediction of some weathering trends of plutonic and volcanic rocks based on thermodynamic and kinetic considerations. Geochimica et Cosmochimica Acta, 48(7), 1523-1534. http://dx.doi.org/10.1016/0016-7037(84)90408-3

Nesbitt, H. W., Young, G. M. (1989). Formation and Diagenesis of Weathering Profiles. Journal of Geology, 97(2), 129-147. https://doi.org/10.1086/629290

Pearce, J. A. (1982). Trace element characteristics of lavas from destructive plate boudaries. In: R. S. Thorpe (Ed.). Andesites: Orogenic Andesites and Related Rocks, v. 1, 525-548. Chichester: Wiley & Sons.

Rollinson, H. (1993). Using Geochemical data: evaluation, presentation, interpretation. Londres: Longman Group. https://doi.org/10.4324/9781315845548

Ruggieri, F., Saavedra, J., Fernandez-Turiel, J. L., Gimeno, D., Garcia-Valles, M. (2010). Environmental geochemistry of ancient volcanic ashes. Journal of Hazardous Materials, 183(1-3), 353-365. https://doi.org/10.1016/j.jhazmat.2010.07.032

Schellmann, W. (1994). Geochemical differentiation in laterite and bauxite formation. Catena, 21(2-3), 131-143. https://doi.org/10.1016/0341-8162(94)90007-8

Schellmann, W. (2003). Discussion of A critique of the Schellmann definition and classification of laterite by R. P. Bourman and C. D. Ollier (Catena 47, 117-131). Catena, 52(1), 77-79. https://doi.org/10.1016/S0341-8162(02)00178-9

Schorscher, H. D., Shea, M. E. (1992). The regional geology of the Poços de Caldas alkaline complex: mineralogy and geochemistry of selected nepheline syenites and phonolites. Journal of Geochemical Exploration, 45(1-3), 25-51. https://doi.org/10.1016/0375-6742(92)90121-n

Sommer, C. A., Lima, E. F., Nardi, L. V. S., Liz, J. D., Pierosan, R. (2003). Depósitos de Fluxo Piroclástico Primários: Caracterização e Estudo de um Caso no Vulcanismo Ácido Neoproterozóico do Escudo Sul-riograndense. Pesquisa em Geociências, 30(1), 3-26. https://doi.org/10.22456/1807-9806.19576

Sousa, T. A. (2017). Elementos terras raras como indicadores do aporte e proveniência sedimentar nos últimos 45 mil anos, Bacia de Santos – Brasil. Dissertação (Mestrado). Niterói: Universidade Federal Fluminense. Disponível em: <https://app.uff.br/riuff/handle/1/3269>. Acesso em: 18 ago. 2020.

Sun, S. S. (1982). Chemical composition and origin of the earth’s primitive mantle. Geochimica et Cosmochimica Acta, 46(2), 179-192. https://doi.org/10.1016/0016-7037(82)90245-9

Sun, S. S., McDonough, W. F. (1989). Chemical and isotopic systematics of oceanic basalts: implications for mantle composition and processes. Geological Society, Special Publications, 42(1), 313-345. https://doi.org/10.1144/GSL.SP.1989.042.01.19

Tucker, M. E. (2014). Rochas Sedimentares – Guia Geológico de Campo. 4ª ed. Tradução: Rualdo Menegat. Porto Alegre: Bookman.

Ulbrich, H. H. G. J., Vlach, S. R. F., Demaiffe, D., Ulbrich, M. N. C. (2005). Structure and origin of the Poços de Caldas Alkaline Massif, SE Brazil. In: P. Comin-Chiaramonti, C. B. Gomes (Eds.). Mesozoic to Cenozoic Alkaline Magmatism in the Brazilian Platform, 367-418. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 889 p.

Ulbrich, H. H. G. J., Vlach, S. R. F., Ulbrich, M. N. C., Kawashita, K. (2002). Penecontemporaneous syenitic-phonolitic and basic-ultrabasic-carbonatitic rocks at the Poços de Caldas alkaline massif, SE Brazil: geologic and geochronologic evidence. Revista Brasileira de Geociências, 32(1), 15-26. https://doi.org/10.25249/0375-7536.20023211526

Valeton, I., Schumann, A., Vinx, R., Wieneke, M. (1997). Supergene alteration since the upper cretaceous on alkaline igneous and metasomatic rocks of the Poços de Caldas ring complex, Minas Gerais, Brazil. Applied Geochemistry, 12(2), 133-154. https://doi.org/10.1016/S0883-2927(96)00060-1

Winchester, J. A., Floyd, P. A. (1977). Geochemical discrimination of different magma series and their differentiation products using immobile elements. Chemical Geology, 20, 325-343. https://doi.org/10.1016/0009-2541(77)90057-2

Zhou, Y., Bohor, B. F., Ren, Y. (2000). Trace element geochemistry of altered volcanic ash layers (tonsteins) in Late Permian coal-bearing formations of eastern Yunnan and western Guizhou Provinces, China. International Journal of Coal Geology, 44(3-4), 305-324. https://doi.org/10.1016/S0166-5162(00)00017-3

Downloads

Publicado

2020-10-27

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Geoquímica de piroclastos intemperizados da Caldeira Vulcânica de Poços de Caldas, Minas Gerais. (2020). Geologia USP. Série Científica, 20(3), 63-80. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9095.v20-160771