Saúde: um dever do estado ou um assunto de família? análise da experiência de famílias de um bairro popular junto ao sistema de saúde

Autores

  • Ana Cecília de S. Bastos Universidade Federal da Bahia; ISC
  • Zilma L. S. Velame Universidade Federal da Bahia
  • Anamélia L. S. Franco Projeto AXÉ
  • Ana Emília Teixeira Projeto AXÉ

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.19787

Palavras-chave:

Práticas de cuidado à saúde, Sistemas terapêuticos, Família

Resumo

De que forma uma família utiliza os recursos de que dispõe no enfrentamento de circunstâncias relacionadas ao processo saúde-doença? A literatura sugere que o indivíduo submetido a condições adversas usa várias alternativas de superação de agravos: esgotando competências individuais, adota alternativas envolvendo uma rede de apoio social leiga e em seguida a prescrições dos profissionais supostamente competentes. Foram analisadas descrições das formas de enfrentamento de eventos ligados à saúde e doença na vida cotidiana, reconstituindo-se assim a experiência da família ao se relacionar com o sistema profissional de saúde. Os resultados sugerem: (a) a presença de um padrão de comportamentos e idéias gerenciando o uso do sistema profissional de saúde; (b) a adoção de sistemas terapêuticos paralelos, na dependência de uma avaliação contínua dos resultados obtidos, sendo o sistema formal um dos últimos recursos escolhidos, exceto frente a problemas acidentais ou crônicos; (c) a adequação das prescrições médicas às reais condições de vida da família; (d) a re-significação do sofrimento que minore a angústia e propicie o agir; (e) a presença de conflitos na interface família-sistema de saúde, na medida em que estão envolvidos diferentes recursos e sistemas de crenças e práticas.

Referências

Bastos ACS. Modos de partilhar: a criança e o cotidiano da família. Taubaté: Cabral Editora Universitária; 2001.

Sarti CA. A família como espelho. São Paulo: Cortez; 2001.

Sarti CA. Famílias enredadas. In: Acosta AR, Vitale MAF, organizadores. Família: redes, laços e políticas públicas. São Paulo: Cortez: PUC-SP;2005. p. 21-36.

Saraceno C. The concept of family strategy and its application to the family-work complex: some theoretical and methodological problems. In: Boh K, Sgretta G, Sussman MB. editors. Cross-cultural perspectives on families, work and change. Binghamton (NY): Haworth Press; London: EUROSPAN-Haworth; 1989. p. 1-18.

Costa M, Lopez E. Salud comunitária. Barcelona: Martinez Roca; 1986.

Cicchelli-Pugeault C, Cicchelli V. Las teorias sociológicas de la familia. Buenos Aires: Nueva Visión; 1998.

Valsiner J. Niches of cultural embedded ness. In: Valsiner J. Comparative study of human cultural development. Madrid: Fundación Infancia y aprendizaje; 2001. p. 75-97.

Goodnow JJ. Differentiating among social contexts: by spatial features, forms of participation, and social contracts. In: Moen P,Elder Jr GH, Lüscher K, editors. Examining lives in context: perspectives on the ecology of human development. Washington (DC): American Psychological Association; 1995. p.269-302.

Massé R. Culture et santé publique. Montréal: Gaëtan Morin; 1995.

Elder Jr GH. Family transitions, cycles and social change. In: Cowan P, Hetherington M, editors. Family transitions. Hillsdale (NJ): Lawrence Erlbaum; 2001. p. 31-57.

Bastos ACS, Trad LAB. A família enquanto contexto de desenvolvimento humano: implicações para a investigação em saúde. Ciênc Saúde Coletiva. 1998;2(3):106-15.

Coyne JC, Downey G. Social factors and psychopathology: stress, social support and coping processes. Annu Rev Psychol.1991;42:401-25.

Luthar SS, Zigler E. Vulnerability and competence: a review of research on resilience in childhood. Am J Orthopsychiatric.1991;61(1):6-22.

Cowan PA. Individual and family life transitions: a proposal for a new definition. In: Cowan PA, Hetherington EM, editors. Family transitions. Hilldale (NJ): Lawrence Erlbaum;1991. p. 3-30.

Kleinman A. Concepts and a model for thecomparison of medical systems as cultural systems. In: Currer C, Stacey M, editors. Concepts of health, illness and disease: a comparative perspective. Lexington: Berg; 1986.p. 29-47.

Ferreira J. O corpo sígnico. In: Alves PC, Minayo MCS, organizadores. Saúde e doença: um olhar antropológico. Rio de Janeiro: Fiocruz; 1994. p. 101-12.

Helman CG. Cultura, saúde e doença. Porto Alegre: Artes Médicas; 1994.

Atkinson SJ. Anthropology in research on the quality of health services. Cad Saúde Pública.1993;9(3):283-99.

Williams B. Patient satisfaction: a validconcept? Soc Sci Med. 1994;38(4):509-16.

Gattinara BC, Ibacache J, Puente CT, Giaconi J, Caprara A. Percepción de la comunidad acercade la calidad de los servicios de salud en los Distritos Norte e Ichilo, Bolivia. Cad Saúde Pública. 1995;11(3):425-38.

Stallard P, Lenton S. How satisfied are parents of pre-school children who have special needs with the services they have received?: a consumer survey. Child Care Health Dev.1992;18(4):197-205.

Trad LAB, Bastos ACS, Santana EM, Nunes MO. Estudo etnográfico da satisfação do usuário do Programa de Saúde da Família (PSF) na Bahia. Ciênc Saúde Coletiva. 2002;7(3):581-89.

Boltanski L. As classes sociais e o corpo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Graal; 2004.

Downloads

Publicado

2006-08-01

Edição

Seção

Pesquisa Original