Potenciais evocados auditivos de longa latência na síndrome de Asperger: estudo de dois casos

Autores

  • Ana Cláudia Bianco Gução Universidade Estadual Paulista
  • Ana Carla Leite Romero Universidade Estadual Paulista
  • Vitor Engracia Valenti Universidade Estadual Paulista
  • Ana Cláudia Vieira Cardoso Universidade Estadual Paulista
  • Andréa Regina Nunes Misquiatti Universidade Estadual Paulista
  • Ana Claúdia Figueiredo Frizzo Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.72092

Palavras-chave:

síndrome de Asperger, potenciais evocados auditivos, cognição

Resumo

Introdução: Os Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência avaliam o processamento auditivo central através da atividade neuroelétrica da via auditiva, analisando as atividades corticais envolvidas nas habilidades de discriminação, integração e atenção do cérebro. Indivíduos com Síndrome de Asperger apresentam alterações em tais habilidades, sendo importante a investigação desses potenciais nessa população. O objetivo do trabalho foi descrever os achados dos Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência de dois pacientes com Síndrome de Asperger. Método: Participaram do estudo dois pacientes com Síndrome de Asperger do sexo masculino, com idade de 7 e 12 anos, atendidos em um centro de estudos, isentos de alterações auditivas,
detectadas por meio de anamnese, inspeção do conduto auditivo externo e avaliação audiológica. Foi aplicado o potencial evocado auditivo de longa latência e analisado os componentes P2, N2 e P3. Resultados: A latência dos componentes P2, N2 e P3 mostrou-se alongada nas duas orelhas nos dois pacientes. Quanto à amplitude, o componente P2 estava com valores reduzidos
apenas para a orelha esquerda do paciente 1 e direita do paciente 2. O N2 estava com amplitude reduzida nas duas orelhas do paciente 1 e apenas na orelha direita do paciente 2, e o P3 apresentou diminuição de amplitude apenas na orelha direita nos dois pacientes. Conclusão: Pode-se concluir que há alteração no funcionamento da informação auditiva ao nível do córtex nas duas crianças com Síndrome de Asperger atendidas neste centro.

Biografia do Autor

  • Ana Cláudia Bianco Gução, Universidade Estadual Paulista
    Fonoaudióloga. Aluna regular do mestrado em Fonoaudiologia do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC/UNESP - Marília – SP/Brasil.
  • Ana Carla Leite Romero, Universidade Estadual Paulista
    Fonoaudióloga. Aluna regular do mestrado em Fonoaudiologia do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Filosofia eCiências da Universidade Estadual Paulista – FFC/UNESP - Marília – SP/Brasil.
  • Vitor Engracia Valenti, Universidade Estadual Paulista
    Fisioterapeuta. Docente do Departamento de Fonoaudiologia e do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC – UNESP – Marilia (SP), Brasil.
  • Ana Cláudia Vieira Cardoso, Universidade Estadual Paulista
    Fonoaudióloga. Docente do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC – UNESP – Marilia (SP), Brasil.
  • Andréa Regina Nunes Misquiatti, Universidade Estadual Paulista
    Fonoaudióloga. Docente do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC – UNESP – Marilia (SP), Brasil.
  • Ana Claúdia Figueiredo Frizzo, Universidade Estadual Paulista
    Fonoaudióloga. Docente do Departamento de Fonoaudiologia e do Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista – FFC – UNESP – Marilia (SP), Brasil.

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Publicado

2014-02-01

Edição

Seção

Artigos Originais