O alazôn, o outro e o amigo do outro: teatro da desconfiança na tribuna grega

Autores

  • Milton L. Torres Centro Universitário Adventista de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-3150.v18i2p74-87

Palavras-chave:

Alazôn, comédia antiga, retórica grega, oratória

Resumo

O alazôn aparece com frequência nas comédias de Aristófanes como uma figura de bloqueio que, por meio de seu maior estatuto social, rigidez, vanglória e impostura, tenta impedir a concretização da utopia cômica. O termo também é empregado, na antiguidade grega, para o cavalo de raça (Pólux, Onomástico 1.195), devido à forma imponente com que este sustenta a crina. Além da comédia, a retórica grega também faz uso abundante do termo, geralmente aplicado a um adversário. Uma vez que o desempenho do orador é comparado à disposição do cavalo no hipódromo (Ésquines, Contra Timarco 1.176) e que a algazarra do tribunal ateniense é comparável à do teatro (Platão, República 492b), sugere-se que o topos da alazoneia serve para estigmatizar um personagem (no teatro) ou um orador (na tribuna) como aproveitador, inimigo do bem comum e representante de interesses alheios aos da pólis. Nesse processo, é possível que seu emprego na comédia e na oratória reforce mutuamente o estigma, promovendo uma desconfiança generalizada no orador/alazôn e nas pessoas com ele relacionadas.

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Publicado

2014-11-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O alazôn, o outro e o amigo do outro: teatro da desconfiança na tribuna grega. (2014). Letras Clássicas, 18(2), 74-87. https://doi.org/10.11606/issn.2358-3150.v18i2p74-87