Eneias se reconhece

Autores

  • Paulo Martins Universidade de São Paulo; Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-3150.v0i5p143-157

Palavras-chave:

ekphrasis, Virgílio, Eneida, Platão, teoria do conhecimento, pintura

Resumo

No primeiro canto da Eneida (vv.446–97), Virgílio produz uma ἔκφρασις que descreve cenas da Ilíada como pinturas no templo de Juno em Cartago. Tal procedimento não só está sendo proposto como ornatus, mas também como forma de atribuir características heróicas específicas, um ἦθος determinado, ao protagonista da epopeia. Ao operar esse mecanismo retórico, Virgílio atribui a Eneias um autorreconhecimento sensível. Essa passagem deve ser lida concomitantemente aos versos do sexto canto em que Eneias chega ao Hades, pois lá entrará em contato com o mundo das almas e reconhecer-se-á herói também no âmbito inteligível. A partir do duplo reconhecimento, sensível e inteligível, o herói e sua descendência poderão fundar a cidade. Dessa forma, devemos ler o primeiro e o sexto canto de acordo com a teoria platônica do conhecimento.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Downloads

Publicado

2001-12-06

Edição

Seção

Artigos