Osman Lins e Mia Couto: o inusitado encontro nas alturas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2448-1769.mag.2019.174052Palavras-chave:
Osman Lins, Mia Couto, Literatura comparada, Narrativas brevesResumo
Sob a égide da literatura comparada, propomos uma leitura crítica de A ilha no espaço, novela literária de Osman Lins publicada pela primeira vez em 1964, em cotejo com a crônica intitulada “A ascensão de João Bate-Certo”, presente em Cronicando, de 1991, do escritor moçambicano Mia Couto. Devido não apenas às condições distintas de cada escritor em relação a seu lugar de enunciação, mas também a anseios estéticos e políticos díspares, a princípio, a condução de uma análise que implicasse com algum êxito tais breves narrativas pareceu-nos pouco provável. Todavia, um inusitado encontro – aqui compreendido única e exclusivamente como exercício crítico – poderá ser justificado, sobretudo, pela obstinação de seus respectivos protagonistas e igualmente por elementos espaciais que favorecem em ambos os textos a construção de universos simultaneamente intrigantes e oníricos, os quais nos fazem inevitavelmente refletir sobre nossas posturas diante da solidão, do amor, da vida e da morte, para além de um permanente desejo de elevação social. Ademais, através do resgate de textos menos visitados de dois singulares escritores, invariavelmente apontados pelo público leitor por subverterem e espraiarem as potencialidades da linguagem literária, nós poderemos ouvir as mesmas vibrantes vozes que fizeram deles estimáveis artífices da palavra.
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