Chamada de artigos (2021.1) - Dossiê "Questões de insularidade no Mediterrâneo antigo"

2020-09-18

Neste dossiê, o objetivo é publicar pesquisas acerca do fenômeno da insularidade em suas diversas formas e manifestações sociais e culturais nas várias ilhas do Mediterrâneo durante a Antiguidade. No campo da Arqueologia, as ilhas têm sido estudadas há pelo menos cinquenta anos, inicialmente sob um enfoque ambiental, difusionista e migracionista (como laboratórios de ecossistemas e sociedades e lugares vulneráveis às influências externas)[1], passando nos últimos trinta anos à uma abordagem cultural (a interação humana com ilhas produziu concepções de insularidade, que são culturalmente construídas e sujeitas à mudanças ao longo do tempo)[2]. A insularidade tem dois aspectos principais e complementares: isolamento e conectividade, onde o mar é o definidor do território e da fronteira de uma ilha[3]. O isolamento absoluto é um fenômeno quase desconhecido nas ilhas mediterrânicas, mas que pode ter sido experimentado por muitas comunidades insulares, em situações específicas no tempo e no espaço, impostas pelo mar e pela navegação[4]. O mar e a navegação também transformaram as ilhas em pontes, em redes de conectividade e de mobilidade[5]. A diferenciação entre as ilhas criou identidades locais mutáveis, que podem ser lidas por meio do registro arqueológico e escrito de suas comunidades, revelando como foram construídas percepções antigas de insularidade.

Assim, este dossiê visa reunir propostas que abordem como as comunidades mediterrânicas definiram suas culturas e identidades por meio da insularidade[6], como as escalas das ilhas mediterrânicas influíram nesse fenômeno, e de que maneira a relação ilhas-continente, e interior com a costa, formaram paisagens insulares e redes de conectividade e de integração de diversos tipos e formas nas diferentes áreas do Mediterrâneo antigo.

Convidamos a todos pesquisadores e pesquisadoras dos campos da História e da Arqueologia, Geografia e Literatura, e áreas afins, que se dedicam ao estudo de ilhas e suas comunidades insulares no Mediterrâneo antigo a enviarem suas contribuições. A Revista Mare Nostrum publica artigos científicos inéditos de temas livres e vinculados a dossiês temáticos, bem como ensaios bibliográficos e resenhas. Informações sobre as diretrizes para submissão podem ser encontradas no link: https://www.revistas.usp.br/marenostrum/about/submissions.

 

Prazo para a submissão:

Encerrado.

 

Organizadoras:

Dra. Lilian de Angelo Laky (Departamento de História, Universidade de São Paulo)

Dra. Erica Angliker (Institute of Classical Studies, School of Advanced Study, University of London).

 

Bibliografia:

BROODBANK, C. An island archaeology of the early Cyclades. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

CONSTANTAKOPOULOU, C. The Dance of the Islands: Insularity, Networks, the Athenian Empire, and the Aegean World. Oxford: Oxford University Press, 2007.

DAWSON, H. Island archaeology. In: SMITH, C. (ed.). Encyclopedia of Global Archaeology. N. York: Springer, 2019.

GORDON, J.M. Insularity and identity in Roman Cyprus: connectivity, complexity and cultural change. In: KOUREMENOS, A. Insularity and Identity in the Roman Mediterranean. Barnsley: Oxbow Books, 2017, p.4-40.

KOUREMENOS, A. Insularity and Identity in the Roman Mediterranean. Barnsley: Oxbow Books, 2017.

________________; GORDON, J.M. Mediterranean Archaeologies of Insularity in an Age of Globalization. Oxbow Books, 2020.

RAINBIRD, P. The archaeology of islands. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

 

Notas:

[1] Dawson, 2019, p.2.

[2] Constantakopoulou, 2007, p.9.

[3] Constantakopoulou, 2007, p. 3 e 6.

[4] Constantakopoulou, 2007, p. 3-4; Gordon, 2017, p.8.

[5] Constantakopulou, 2007, p.20.

[6] Dawson, 2019, p.2.

 

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Ilhas do arquipélago de Kornati, Croácia (créditos: musafir.com).