Por uma genealogia do ódio online: contágio, viralização e ressentimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v13i1p133-147

Resumo

Investiga-se, em perspectiva filosófica, o fenômeno da disseminação de ódio nas redes sociais, com ênfase em seus mecanismos de funcionamento. São convocados os conceitos de contágio e ressentimento na esteira de Gabriel Tarde e Friedrich Nietzsche. Tarde concebe a sugestibilidade de crenças e desejos (imitação) como força motriz de produção do socius. A viralização torna-se vetor de produção de homogeneidades instáveis, sob fundo móvel de diferenças. Nietzsche disseca a lógica de operação do ressentimento, enfatizando a invenção de relações dicotômicas regidas pela negatividade, criando tanto valores morais quanto a polarização nós e outros. Privilegia-se, assim, a análise do plano molecular em uma política dos afetos.

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Biografia do Autor

  • Maria Cristina Franco Ferraz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Professora Titular de Teoria da Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PPGCOM/ECO. Doutora em Filosofia pela Universidade de Paris 1 – Sorbonne.

  • Ericson Saint Clair, Universidade Federal Fluminense

    Professor Adjunto da Universidade Federal Fluminense, curso Produção Cultural. Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Publicado

2019-04-30

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Ferraz, M. C. F., & Saint Clair, E. (2019). Por uma genealogia do ódio online: contágio, viralização e ressentimento. MATRIZes, 13(1), 133-147. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v13i1p133-147