A INTERTEXTUALIDADE EM “ERNESTO DE TAL”: A PRESENÇA DE LE BARBIER DE SÉVILLE COMO MEMÓRIA DA LITERATURA
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v3i6p63-83Palavras-chave:
Intertextualidade, Machado de Assis, presença francesa, “Ernesto de tal”, Le barbier de Séville.Resumo
É de comum conhecimento que a produção de Machado de Assis possa ser caracterizada também a partir de sua marca intertextual, na medida em que dialoga com outras obras, seja no âmbito da literatura brasileira ou na estrangeira, revelando ser um artifício imprescindível na criação de seus textos, bem como na compreensão deles. Nesse sentido, o presente artigo pretende contribuir com a discussão acerca do elemento francês existente na ficção machadiana por meio da análise de “Ernesto de tal” em comparação com Le barbier de Séville (1775), de Beaumarchais. A intertextualidade, neste caso, precisa ser entendida assim como a define Tiphaine Samoyault (2008), como memória da literatura, isto é, o texto traz consigo a biblioteca do escritor, que deve ser compreendida pelo leitor e compartilhada com ele. Ademais, é possível pensar nesse procedimento intertextual da narrativa machadiana como maneira de colaborar para o seu projeto literário, ilustrado em Histórias da meia-noite (1873). A comédia clássica do Setecentos francês, assim sendo, permite iluminar alguns dos hábitos burgueses do século XIX brasileiro.
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