Natureza e cultura: paisagem, objetos e imagens

Autores

  • Maria Angela Faggin Pereira Leite Universidade de São Paulo; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.v0i18p59-70

Resumo

Ao longo do processo de configuração territorial, a construção cuidadosa do olhar normativo, que acompanha a passagem da natureza para a cultura e substitui a observação despreocupada das coisas pela atribuição de valor aos objetos, testemunha que os ímpetos individuais e coletivos são domesticados por meio de regras e normas que consolidam, em última instância, um sistema sociocultural inflexível e opaco. Nossa visão daquilo que nos apresenta, em um determinado momento, como paisagem, é dificultada pela aparente banalidade de um mundo concreto de regras irredutíveis. Mas existe sempre latente, em nós, o desejo de ultrapassar o banal, o cotidiano, desejo que nos leva a procurar articular, por intermédio dos sonhos sociais, o mundo objetivo da produção econômica e o mundo subjetivo das aspirações individuais e coletivas. Essa busca constante de transcender a previsibilidade do real é a história do imaginário que, em suas múltiplas expressões, visuais, de massas, digitalizadas ou virtuais, tenta substituir o banal conhecido pelo ausente desejado. A utopia, então, mantendo com o real uma relação interativa, na medida em que tanto é expressão dos desejos coletivos, na organização do espaço de uma sociedade, quanto constitui protesto contra as transformações nos objetos, nas ações, no modo de produção impostos a esse espaço pelas modernizações, tem papel decisivo na cognição espacial da sociedade contemporânea e na proposição cultural desse espaço.

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Publicado

2004-06-30

Edição

Seção

Fundamentos

Como Citar

Leite, M. A. F. P. (2004). Natureza e cultura: paisagem, objetos e imagens . Paisagem E Ambiente, 18, 59-70. https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.v0i18p59-70