O jardim de objetos: introduzindo a questão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2019.156470

Palavras-chave:

Jardim, Cultura, Objeto de consumo, Simulacros

Resumo

Tornou-se comum no jardim brasileiro, especialmente naquele cultivado pelos próprios moradores, o emprego de enfeites e elementos como fontes, bichos de porcelana e anõezinhos de jardim. Nesse sentido, pode-se falar em um “jardim de objetos”, às vezes com um significado lúdico, outras vezes com um significado místico, e outras vezes ainda com um significado de memória ou um significado afetivo para os seus proprietários. Um jardim que, inevitavelmente, integra o panorama atual da sociedade de consumo, embora sua origem remonte, no Brasil, ao século XIX. O objetivo aqui é colocar e discutir algumas questões relacionadas a esse jardim, como a questão do kitsch, a questão da cultura de massa e a questão do simulacro, a partir de leituras e análises de alguns exemplares. A intenção é instigar questões acerca desse jardim, partícipe da paisagem da capital paulista e de outras cidades brasileiras, e apresentar algumas asserções sobre o tema. De um modo geral, observa-se nesse jardim a criação de cenários emoldurados pela vegetação e protagonizados pelos objetos que os constituem, o que acaba por conferir a esses espaços uma complexidade maior em seu arranjo se comparados a outros jardins, mais simples, cultivados pelos próprios moradores. Seus proprietários, ao introduzir fontes, sinos do vento, cores e texturas, trabalham também a percepção sensorial daqueles que os observam, despertando sua curiosidade e sua imaginação

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Publicado

2019-11-27

Edição

Seção

Espaços Livres

Como Citar

O jardim de objetos: introduzindo a questão. (2019). Paisagem E Ambiente, 30(44), e156470. https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2019.156470