Diagrama, arquitetura e autonomia

Autores

  • Luiz Américo de Souza Munari Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
  • Gabriela Izar Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo. SP.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v20i33p160-180

Palavras-chave:

Peter Eisenman. Arquitetura. Autonomia. Diagrama. Processo diagramático.

Resumo

Em que medida o modo de projetar pode informar uma nova agenda estética na Arquitetura? A racionalidade de projetar aciona emergências de conteúdos simbólicos? Se a Arquitetura é um campo disciplinar autônomo, em que esfera se efetiva essa autonomia? Na obra edificada, no projeto, no momento da criação? O artigo discute o papel do diagrama e do processo diagramático no projeto teórico de Peter Eisenman. Porque Eisenman formula seu projeto diagramático na fronteira das disciplinas da semiótica, da fenomenologia, da cognição e da filosofia, sua específica aproximação do diagrama, supõe-se, configura um projeto estético de autonomia da Arquitetura. O processo diagramático, singularizado em uma estratégia de abertura do processo de projetar, engendra um fim disciplinar/político. No confronto do discurso do diagrama de Eisenman com seus experimentos de projeto, discute-se a questão da autonomia na Arquitetura, problematizando os termos com os quais diagrama e processo diagramático realizam essa agenda disciplinar. Com Eisenman, a especificidade do diagrama desdobraria o projeto político e crítico da modernidade, não se reduzindo à expressão do emprego de novas tecnologias, nem do discurso estruturalista da crítica pós-moderna. Não obstante a semiologia e a apropriação teórica do diagrama icônico tenham se tornado uma referência na Arquitetura pós-moderna1, o aprofundamento acerca do projeto teórico diagramático de Eisenman tem mostrado deslocamentos no estatuto do que se conhece usualmente por diagrama, deslocamentos que hoje são amplamente difundidos nas tendências arquitetônicas da vanguarda tecnológica. Ensaiamos compreender, com ênfase na fenomenologia, o sentido estético dessa reorientação no modo de projetar com diagramas pelo arquiteto Peter Eisenman. A pesquisa sobre o papel estético do diagrama busca, enfim, a relação entre uma expressão diagramática que singulariza a modernidade do século 20 e a constituição de um projeto cultural de autonomia formulado dentro da Arquitetura.

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Biografia do Autor

  • Luiz Américo de Souza Munari, Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
    Bacharel em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCHUSP), mestrado e doutorado em Filosofia pela mesma instituição. Livre-docência pela FAUUSP, onde é professor na graduação e pós-graduação Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto (AUH).
  • Gabriela Izar, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo. SP.
    Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Teoria e História pela mesma instituição. Doutoranda pela FAUUSP.

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Publicado

2013-06-26

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Munari, L. A. de S., & Izar, G. (2013). Diagrama, arquitetura e autonomia. PosFAUUSP, 20(33), 160-180. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v20i33p160-180