O tratado de Andrea Pozzo e seus reflexos na talha dourada em Minas Gerais

Autores

  • Aziz José de Oliveira Pedrosa Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Arquitetura.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v21i35p200-214

Palavras-chave:

Arquitetura. Talha dourada. Tratados de arquitetura. Ornamentação. Andrea Pozzo. José Coelho de Noronha.

Resumo

A produção da talha dourada nas Minas Gerais do século18 foi possível pela pontual presença de artífices portugueses, que, de diversas regiões do Reino, migraram para o Brasil, diante das boas oportunidades de trabalhos de Arquitetura e ornamentação, nas igrejas que se erguiam na região de Minas. Muitos desses homens, entre arquitetos, entalhadores e demais profissionais que se dedicavam às artes e aos ofícios, foram os responsáveis pelos trabalhos de confecção da talha dourada, ornamentos necessários para deixar as igrejas com a devida decência para abrigar a fé de uma população em plena gênese de formação. Observe-se que foram, esses mesmos homens, os responsáveis por trazer as novidades artísticas vigentes na Europa Barroca para o interior das igrejas de Minas e aqui aclimatá-las, de acordo com as condições locais, tão divergentes do contexto europeu. Entretanto pouco se sabe sobre os modos pelos quais circularam na Capitania de Minas os modelos de Arquitetura e ornamentação, mas a descoberta de pequena biblioteca, sob a posse do entalhador José Coelho de Noronha, abre novos caminhos para debater o assunto, e traz a conhecimento reflexões de que, em Minas Gerais, durante o século 18, circularam tratados de Arquitetura. Assim, o presente artigo discute possibilidades de serem, alguns livros sob a posse de José Coelho de Noronha, os tratados de Arquitetura de Andrea Pozzo, que tiveram grande aceite e divulgação no mundo artístico europeu e, certamente, incidiram seus reflexos na Capitania de Minas.

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Biografia do Autor

  • Aziz José de Oliveira Pedrosa, Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Arquitetura.
    Doutorando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); mestre em Arquitetura e Urbanismo e especialista em História e Cultura da Arte pela mesma instituição; bacharel em Design pela Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG).

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Publicado

2014-09-10

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O tratado de Andrea Pozzo e seus reflexos na talha dourada em Minas Gerais. (2014). PosFAUUSP, 21(35), 200-214. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v21i35p200-214