Rir do poder e o poder do riso nas narrativas e performances Kaxinawa

Autores

  • Els Lagrou UFRJ; IFCS; Departamento de Antropologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100003

Palavras-chave:

etnologia, Kaxinawa, humor festivo, humor grotesco, ritual, mito

Resumo

O humor grotesco das pantomimas e dos mitos, o humor festivo das brincadeiras e o humor crítico dos excessos em mitos e sketches podem ser lidos como formas de conhecimento nativo sobre o mundo e sobre as relações que mantêm esse mundo interconectado. A exegese nativa da imagética humorística revela valores cruciais relacionados às concepções kaxinawa sobre socialidade e agência ritual. Estamos lidando com discursos icônicos sobre a qualidade das relações entre pessoas e entre pessoas e o mundo animado. O humor do corpo grotesco, que faz dialogarem partes de corpos como forças autônomas, e o humor festivo, cujo riso contamina a moral dos "donos" das substâncias, têm alta eficácia ritual, motivando forças cósmicas a agirem em prol da humanidade. Qual é o saber expresso pelo humor? O humor expressa um conhecimento de como agir sobre o mundo que os protagonistas dos mitos careciam. Nos mitos, os poderosos donos de saberes cruciais à vida eram conquistados e mortos. No ritual, estes mesmos seres são "alegrados" e seduzidos. A agência ritual subverte o tempo mítico do conflito para produzir o tempo histórico, um tempo no qual pessoas são produzidas com base nas qualidades construtivas de seres poderosos, conhecidos por suas capacidades predatórias.

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Publicado

2006-01-01

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

Lagrou, E. (2006). Rir do poder e o poder do riso nas narrativas e performances Kaxinawa . Revista De Antropologia, 49(1), 55-90. https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100003