Vitalidades sensuais: modos não corpóreos de sentir e conhecer na Amazônia indígena

Autores

  • Fernando Santos-Granero Smithsonian Tropical Research Institute

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100004

Palavras-chave:

Amazônia, Peru, Yanesha, pessoa, percepção sensorial, perspectivismo

Resumo

Os Yanesha da Amazônia peruana concordariam com Aristóteles e São Tomás de Aquino: só se pode chegar ao conhecimento pela via da percepção sensorial. Yanesha e filósofos, entretanto, não entrariam em acordo quanto ao que, exatamente, significa "percepção sensorial". Na tradição ocidental, os sentidos constituem a dimensão "fisiológica" da percepção. Só podemos conhecer, afirma-se, por meio do corpo e dos sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Os Yanesha, por outro lado, consideram os sentidos corporais como meios de conhecimento imperfeitos, incapazes de apreender a dimensão verdadeira, espiritual, do mundo. Apenas um dos componentes não corpóreos da pessoa, yecamquëñ - ou "nossa vitalidade" -, é dotado das faculdades sensoriais que possibilitam uma percepção correta e, com ela, um conhecimento "verdadeiro". É por isso que, do ponto de vista yanesha, as vitalidades são sensuais, ou sensoriais, ao passo que os corpos, em certa medida, são insensíveis. Este artigo trata dos modos não corpóreos de sensorialidade e conhecimento dos Yanesha, assim como de suas teorias da percepção e de suas hierarquizações dos sentidos; com ele, meu propósito é defender uma renovada antropologia dos sentidos no âmbito dos estudos amazônicos, propondo uma revisão crítica da noção de perspectivismo ameríndio.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Downloads

Publicado

2006-01-01

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

Santos-Granero, F. (2006). Vitalidades sensuais: modos não corpóreos de sentir e conhecer na Amazônia indígena . Revista De Antropologia, 49(1), 93-131. https://doi.org/10.1590/S0034-77012006000100004