Entre sobrevivências e metamorfoses: a montagem de imagens em Aby Warburg e André Malraux

Autores

  • Rafaela Alves Fernandes Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i14p165-184

Palavras-chave:

Atlas Mnemosyne, Museu imaginário, História da arte, Montagem de imagens, Sobrevivência, Metamorfose

Resumo

O artigo examina as concepções de história da arte e temporalidade da imagem presentes no Atlas Mnemosyne, de Aby Warburg (1866 – 1929), e no Museu Imaginário, de André Malraux (1901 – 1976). Para tanto, investiga ali os usos da montagem como processualidade visual e como modo de pensamento. Deste modo, constitui foco principal deste estudo os conceitos de sobrevivência e metamorfose. Mostra-se, pois, como Warburg reivindica um tempo anacrônico, que não é o tempo da atualidade histórica ou artística, mas o tempo inatual das sobrevivências dos gestos e das formas, ou então o tempo sempre atual dos sintomas. E mostra-se, por fim, como Malraux, enuncia um tempo fora do Tempo, o tempo das metamorfoses que desafia a natureza biológica da matéria em benefício da imortalidade das obras-primas.

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Biografia do Autor

  • Rafaela Alves Fernandes, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Filosofia.

    Mestranda do departamento de filosofia da USP

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Publicado

2020-12-03

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Fernandes, R. A. (2020). Entre sobrevivências e metamorfoses: a montagem de imagens em Aby Warburg e André Malraux. Rapsódia, 1(14), 165-184. https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i14p165-184