Escravidão, cidadania, recrutamento militar e liberdade: brasileiros no Estado Oriental do Uruguai (1838-1864)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.144029

Palavras-chave:

Império do Brasil, Uruguai, escravidão, Rio da Prata, cidadania

Resumo

Durante as décadas de 1840 a 1860 a relação do Império do Brasil com o Estado Oriental do Uruguai foi permeada pela presença de criadores de gado brasileiros no norte deste país e, mais precisamente, pela reprodução de um determinado modelo produtivo implantado por estes estancieiros. Durante a Guerra Grande, conflito civil que opôs colorados e blancos, houve duas declarações de abolição da escravidão: a dos colorados, em 1842, que atingiu mormente aqueles que estavam em Montevidéu; e a dos blancos, em 1846, que atingiu em cheio todos os que possuíam cativos na campanha, entre eles os brasileiros ao norte. O objetivo é demonstrar que, muito mais do que títulos, perceber-se como cidadão oriental ou como súdito do Império era encontrar abrigo às próprias aspirações à liberdade ou à posse escrava.

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Biografia do Autor

  • Carla Menegat, Instituto Federal Sul-Rio-Grandense

    Doutora em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense, no campus Gravataí, junto ao Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão.

    Coordenadora do GT Fronteiras e Territorialidades ANPUH-RS

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Publicado

2019-10-21

Edição

Seção

escravizados, escravização

Como Citar

Escravidão, cidadania, recrutamento militar e liberdade: brasileiros no Estado Oriental do Uruguai (1838-1864). Revista de História, [S. l.], n. 178, p. 1–28, 2019. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.144029. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/144029.. Acesso em: 19 mar. 2024.