Estradas líquidas, comércio sólido: índios e regatões na Amazônia (século XIX)

Autores

  • Márcio Couto Henrique Universidade Federal do Pará
  • Laura Trindade de Morais Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2014.89007

Palavras-chave:

índios, regatões, Amazônia

Resumo

O artigo analisa as relações entre os índios e os comerciantes ambulantes que, na Amazônia do século XIX, eram conhecidos como regatões. Com base em documentos da época, constata-se que nem sempre os índios foram vítimas ingênuas e passivas diante dos regatões e que é necessário enfatizar a dimensão simbólica das trocas, a fim de recuperar o protagonismo indígena nas relações estabelecidas com os comerciantes e com as mercadorias que eles vendiam.

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Biografia do Autor

  • Márcio Couto Henrique, Universidade Federal do Pará

    Doutor em Ciências Sociais. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Pará. Professor da Faculdade de História e do Programa de Pós-Graduação em História.

  • Laura Trindade de Morais, Universidade Federal do Pará

    Mestranda em História no Programa de Pós-Graduação em História e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

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Publicado

2014-12-18

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Estradas líquidas, comércio sólido: índios e regatões na Amazônia (século XIX). Revista de História, [S. l.], n. 171, p. 49–82, 2014. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2014.89007. Disponível em: https://revistas.usp.br/revhistoria/article/view/89007.. Acesso em: 28 mar. 2024.