Primeiro Movimento Do Quarteto De Cordas N.3 De Heitor Villa-Lobos: uma correspondência da forma sonata clássica numa conjuntura atonal

Autores

  • Regina Rocha Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-7117.rt.2020.178776

Palavras-chave:

Villa-Lobos, Quartetos de cordas, Forma sonata, Música brasileira, Música de câmara

Resumo

Este artigo apresenta apontamentos, sobre uma possível interpretação da forma sonata clássica adaptada para um contexto atonal, no primeiro movimento do Quarteto de cordas n. 3 de Heitor Villa-Lobos. No âmbito da música brasileira, Villa-Lobos foi o compositor que mais escreveu quartetos de cordas. No cenário internacional da música do século XX, sua produção está em segundo lugar em termos quantitativos. Todavia, algumas análises mais antigas com base apenas nos parâmetros da música tonal, defendem a ideia de que Villa-Lobos não utilizou a forma sonata em seus quartetos de cordas. No entanto, análises mais recentes demonstram a habilidade de Villa-Lobos em adaptar a forma sonata para um contexto não-tonal, assim como fizeram outros compositores vanguardistas. No caso do primeiro movimento do Quarteto de cordas n. 3 é possível notar a manipulação das classes de alturas que demarcam as entradas das seções, em substituição as relações tonais da forma sonata clássica. Sendo assim, torna-se patente a proficiência composicional de Villa-Lobos, ao manusear um dos gêneros mais consagrados da música de câmara europeia (Quarteto de Cordas) e uma das estruturas formais mais significativas da música ocidental (Forma Sonata).

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Biografia do Autor

  • Regina Rocha, Universidade de São Paulo

    Doutoranda em Música pela Universidade de São Paulo (ECA/USP). Mestra em Música pelo Instituto de Artes da UNESP e bacharela em Regência pela mesma instituição.  Foi regente assistente da Orquestra Jovem de Caieiras e regente convidada da Sociedade Pró Música Sacra de São Paulo.



     

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Publicado

2020-12-21

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

Primeiro Movimento Do Quarteto De Cordas N.3 De Heitor Villa-Lobos: uma correspondência da forma sonata clássica numa conjuntura atonal. (2020). Revista Da Tulha, 6(2), 119-151. https://doi.org/10.11606/issn.2447-7117.rt.2020.178776