Compreendendo o processo de assédio moral no trabalho: diferenças entre assédio moral organizacional e interpessoal

Resumo

Objetivos: compreender o processo de assédio moral no trabalho com base nas percepções de 64 pacientes avaliados no Serviço de Saúde Ocupacional do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo e comparar as práticas e políticas organizacionais e os dados sócio-demográficos associados ao assédio moral interpessoal e ao assédio moral organizacional. Método: integração de métodos qualitativos e quantitativos; dados coletados entre 2007 e 2012. O protocolo psicológico constituiu-se de 4 entrevistas para coleta de dados e uma consulta para orientação. Foi realizada análise estatística descritiva complementada por tabelas de contingência entre variáveis de interesse, verificando a existência de associações por meio de testes (com nível de significância de 10%). Resultados: as associações com assédio moral organizacional foram: idade entre 40 e 50 anos, trabalho em empresas privadas, realizar horas extras, falta de controle sobre o ritmo de trabalho, número insuficiente de funcionários, sobrecarga de trabalho, altos níveis de pressão temporal, sujeito a deadlines, inexistência de um sistema de recompensas, maior exigência cognitiva, formas de assédio – humilhação, pressão por produção, discriminação/falta de equidade e relacionado a salários e benefícios. As associações com o assédio moral interpessoal foram: bom relacionamento com colegas, falta de reconhecimento pela empresa, inadequação do posto de trabalho, layout e ferramentas de trabalho, diagnostico não relacionado a circunstâncias familiares e predominância de outras formas de assédio. Conclusão: O assédio moral no trabalho é um processo complexo e multifacetado. A existência de dois fenômenos distintos – o assédio moral interpessoal e o assédio moral organizacional foi revelado.