Supressão de ritmo mu durante exposição a estímulos associados a ansiedade social

Autores

  • André Amado Ferreira de Mello Faculdade de Medicina FMUSP, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, BR. http://orcid.org/0000-0002-5075-7402
  • Renato Teodoro Ramos Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina FMUSP, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, BR.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v96i4p254-263

Palavras-chave:

Eletroencefalografia, Neurônios-espelho, Ansiedade, Empatia.

Resumo

O chamado ritmo mu em eletroencefalografia é um padrão de oscilação caracterizado pelo domínio de frequências na banda de 8-13 Hz e 15-25 Hz. A inibição deste padrão de atividade tem sido associada a atividade de neurônios espelho em áreas motoras e pré-motoras do córtex cerebral. Neurônios espelho, por sua vez, têm sido relacionados à capacidade empática, capacidade esta que pode estar alterada na ansiedade social. O projeto teve como objetivo comparar os padrões de atividade cortical em indivíduos com níveis altos e baixos de ansiedade social durante a observação de uma cena capaz de gerar ansiedade social filmada em duas situações: em terceira pessoa (quando a capacidade empática deve ser evocada) e em primeira pessoa (quando apenas possíveis sentimentos de ameaça a si próprio devem ser evocados). O estudo envolveu 70 voluntários normais selecionados e, a partir da aplicação da escala de Liebowitz para avaliar ansiedade social e da escala EMRI para avaliação da capacidade empática, foram selecionados 16 voluntários, sendo 8 com os maiores escores nestas escalas e 8 com as menores pontuações. A análise inicial do traçado eletroencefalográfico de todos os voluntários não identificou padrões de distribuição de potência de ritmos alpha em regiões fronto-parietais, que poderia sugerir um padrão de atividade associada ao ritmo mu característico de neurônios espelho. No entanto, foi identificada uma diferença significativa na comparação entre padrões de atividade associados a observação dos vídeos em primeira e terceira pessoa  (p = 0.007). Esta diferença foi também relevante em regiões occipitais, o que poderia estar relacionado à estimulação visual inerente aos estímulos apresentados. Portanto, não foi possível estabelecer uma correlação clara entre os traços de ansiedade social e empatia com uma possível atividade de neurônios espelho (por meio da inibição do ritmo mu). O estudo, porém, evidenciou uma diferença estatística significativa entre os padrões de atividade cortical associados à observação de cenas em primeira e terceira pessoa, independente dos traços ansiosos. Deve-se observar que o estímulo visual utilizado pode ter sido excessivo, induzindo atividades corticais ligadas à atividade perceptiva visual independente do significado ou do contexto que se procurou transmitir ao observador. O avanço da investigação da hipótese explorada neste projeto demandará novos estudos eventualmente incluindo pacientes com níveis clinicamente relevantes de ansiedade social e a simplificação dos estímulos utilizados.

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Biografia do Autor

  • André Amado Ferreira de Mello, Faculdade de Medicina FMUSP, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, BR.

    Acadêmico da Faculdade de Medicina da USP.

  • Renato Teodoro Ramos, Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina FMUSP, Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, BR.
    Graduado em Medicina pela USP (1984), doutorado em Psiquiatria pela USP (1995), pós-doutorado no Department of Psychiatry da University of Pittsburgh USA (1996) e no Deparment of Psychology da King's College of London (2005), e atualmente professor associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

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Publicado

2017-12-22

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Mello, A. A. F. de, & Ramos, R. T. (2017). Supressão de ritmo mu durante exposição a estímulos associados a ansiedade social. Revista De Medicina, 96(4), 254-263. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v96i4p254-263